Indústria avalia que cenário não deve ser diferente do que 2017, mas mesmo assim Bento segue com geração de empregos
Diferente do Rio Grande do Sul e do Brasil, Bento Gonçalves continua a manter índices positivos na geração de emprego. Somado a isso, a indústria bento-gonçalvense estima leve recuperação econômica no último trimestre de 2018, mas com poucas diferenças se comparado ao ano passado.
Dados do Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (Caged) demonstram que o estado teve o pior desempenho do Brasil (4.028 vagas formais fechadas), enquanto Bento Gonçalves teve um saldo de 18 vagas, em agosto de 2018. O acumulado do ano no município é de quase mil novas vagas.
De acordo com a economista Lodonha Coimbra Soares, da Universidade de Caxias do Sul (UCS), se percebe que há mais abertura do que fechamento de postos de trabalho, mas a retomada econômica robusta, esperada no final do ano passado, não aconteceu. “O número é ainda aquém do número de postos fechados no período da crise. A queda foi tão forte que essa melhoria não chegou ao nível de empregabilidade”, considera.
Lodonha ainda afirma que não há perspectiva sólida de melhora no último trimestre do ano, na medida em que predomina um cenário de imprevisibilidade. “É ano de eleições, por isso se torna natural que os investimentos sejam adiados nesses períodos, devido às incertezas”, comenta.
Do outro lado, houve expectativa de melhora econômica no período da Copa do Mundo, sobretudo no setor de comércio e serviços, mas o cenário não se concretizou. “Esperava que tivesse uma alavancagem maior do comércio, o que nao ocorreu. Dos serviços, de bares e restaurantes, também, mas não foi tão forte quanto se esperava” analisa.
Na sua expectativa, pode ocorrer um aumento de empregabilidade no final do ano, decorrente do número de vagas temporárias, que são abertas no comércio e serviços. “Isso pode melhorar um pouco, mas vamos continuar com um número alto de desempregados”, aponta.
Alta nos preços e no dólar impacta setor moveleiro
O Sindicato das Indústrias do Mobiliário de Bento Gonçalves (Sindmóveis) projeta um encerramento positivo para 2018, mas com incertezas e dificuldades para a retomada. De acordo com análise do órgão, o setor tem sido impactado pelo aumento do frete, da energia elétrica e das chapas de MDF e MDP. A desvalorização do real frente ao dólar impactou no preço dos componentes como dobradiças, corrediças, trilhos telescópicos, entre outros. Segundo o Sindicato, esse é mais um aspecto que torna difícil segurar os preços.
Geração de empregos parece não ser consistente
Para o presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Bento Gonçalves (Simme), Juarez Piva, não há perspectiva de retomada econômica até o final de 2018. “Você nota que não é consistente, nao está desenvolvendo. Nós ficamos com as mãos amarradas com a situação do mercado, do dólar, da matéria prima”, argumenta. De acordo com Piva, o faturamento deve ser um pouco maior do que 2017 porque os custos aumentaram e foram repassados. “É mais pela questão do aumento da matéria prima do que pela produtividade”, avalia. O presidente salienta que o momento é de espera.
CDL prevê boas perspectivas no último trimestre
A expectativa da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Bento Gonçalves é de que haja incremento nas vendas em função das datas comemorativas. Segundo o presidente Marcos Carbone, será necessário contratações temporárias.”Nossa expectativa é de que a comercialização cresça 10%”, avalia.