A Casa Geisel, residência onde morou o ex-presidente Ernesto Geisel durante a infância, permanece fechada e deteriorando desde 2011. Apesar da prefeitura ter assinado um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) junto ao Ministério Público prevendo o repasse de R$ 120 mil do Fundo Municipal de Desenvolvimento Integrado do Município (FMDI/Atar) à Fundação Educacional da Região dos Vinhedos (Fervi), proprietária do local, ainda em janeiro de 2014, não há previsão para que a verba seja empenhada.

Uma parceria com o 6º Batalhão de Comunicações (BCom), que viabilizaria a reforma por meio de verbas federais, é hoje a principal esperança para revitalizar a Casa Geisel. O projeto “Criação da Casa Histórica Presidente Geisel” foi encaminhado para o Ministério da Defesa ainda no final de 2015, mas a crise político-econômica pela qual passa o país nos últimos anos engessou o projeto em Brasília. “Estamos aguardando sermos contemplados. O último ano foi muito conturbado politicamente e com restrições orçamentárias. Quem sabe em 2017 possamos ter boas novidades”, afirma o comandante do 6º BCom, tentente-coronel Lúcio Mauro Vilotte Moreira Guerra.

O simbolismo que o local tem com Exército, visto que Geisel foi o último presidente militar do país, faz com que o 6º BCom se empenhe ainda mais na obtenção de recursos para reabrir a casa localizada na rua Doutor José Mário Mônaco, no Centro. “Em paralelo com o projeto, estamos tentando conseguir verbas por meio de doações pontuais. Queremos abrir a Casa Geisel ainda este ano e vamos nos empenhar ao máximo para tanto”, comenta Guerra.

De acordo com o subprocurador do município, Gustavo Schramm, que acompanhou o caso em 2016, apesar de priorizar outras áreas, a prefeitura deve dar a devida importância para o caso. “A Casa Geisel faz parte do patrimônio histórico e cultural de Bento Gonçalves. Certamente daremos a devida atenção para que este projeto saia do papel com brevidade”, garante.

O compromisso de Schramm parece não refletir em ações. De acordo com o presidente da Fervi, Paulo César Ranzi, a entidade participou de apenas duas reuniões sobre o assunto nos últimos dois anos. “A prefeitura tem que fazer a reforma. Estamos tentando um acordo de cavalheiros, que seria melhor para todo mundo, mas a burocracia emperra as ações”, avalia.

Ainda conforme Ranzi, os R$ 120 mil a serem pagos pela prefeitura, que haviam sido acordados no TAC em 2014, não seriam suficientes para consertar todas as avarias causadas durantes os 20 anos que a prefeitura ocupou o local como sede de diversas secretarias. “Só receberemos a Casa depois das reformas concluídas. A situação está se arrastando há muito tempo e sabemos que o melhor é que ela seja entregue o quanto antes” descreve.

 

Espaço multifuncional

 

Caso a reforma ocorra, exército e prefeitura já tem planos alinhavados de qual será o destino da Casa Geisel. O Exército pretende utilizar um dos cômodos da residência, tranformando-o em um espaço cultural destinado a apresentar a história do Presidente Geisel. A Administração Municipal estuda a possibilidade de instalar a Junta de Serviço Militar em um segundo espaço. De acordo com a prefeitura, ainda não há definição dos demais parceiros com relação a utilização do restante do imóvel. Atualmente, o Hospital Tacchini é o único que utiliza o terreno, ocupando o espaço para estacionamento.
Apesar de sinalizar como favorável ao planejamento de utilização da Casa Geisel, o presidente da Fervi deixa claro que, atualmente, nenhum acordo poderá ser efetuado. “Só depois que retomarmos a posse é que podemos assinar essa parceria com o exército e transformar a Casa Geisel em um espaço para a comunidade”, finaliza.

Leia mais na edição impressa do Jornal Semanário de sábado, dia 28 de janeiro de 2017.