Com 50 vítimas, 2018 fica marcado como o ano mais violento da história do município

Se o número de mortes violentas no município já havia chamado a atenção em 2017, quando Bento Gonçalves saltou de 23 para 34 casos, o recorde negativo foi batido outra vez em 2018, ainda há três meses do fim do ano e não parou por aí. Hoje, os alarmantes 50 homicídios confirmados elucidam, em número, o sentimento de insegurança da população.

O aumento do índice já é de 47% em relação ao último ano. Com isso a cidade atingiu 42 mortes violentas para cada 100 mil habitantes, sendo que no último Atlas da Violência apresentado pelo Ipea com registros de 2006 a 2016, a média era de 29.

Mais tráfico e mais mortes

Para as autoridades, o crescimento da violência está, sobretudo, ligado ao tráfico de drogas. “Dos 50 homicídios, a maioria envolve acerto de contas por traficantes ou briga por pontos de venda. Infelizmente, isso é um problema recorrente em cidades ricas e com muitos turistas como Bento Gonçalves”, assinala o delegado titular da 2ª Delegacia de Polícia de Bento Gonçalves, Álvaro Becker. Ainda segundo ele, a atuação de quadrilhas de roubos a carros, bancos e comércios, também são frequentes e, sobremodo, são atividades que visam alimentar o tráfico com seus lucros.

Para o delegado, com as apreensões, o comércio ilegal de armas também aparece como um grande problema. “Muitas das armas que são apreendidas, não só em casos de assassinatos, mas também nos roubos a banco e de carros, são de alta potencialidade e de uso restrito. Isso nos mostra que é preciso maior esforço para combater a entrada de armamento no país”, comenta.

Em consenso com o delegado, o secretário da segurança de Bento Gonçalves, José Paulo Ianke Marinho, afirma que os assassinatos e crimes ligados ao tráfico aumentaram, mas destaca que nem todos os números são negativos em 2018. “Em contrapartida, temos uma redução nos índices de ocorrências de furtos, assaltos a estabelecimentos. É a menor taxa desde 2014”, pontua.

Ações e projeções de combate ao crime

O secretário assinala que a Administração Pública, por meio da secretaria de Segurança, tem feito inúmeras ações para minimizar o crescimento da violência. “Fomos seguidas vezes até Porto Alegre pedir apoio do comando da BM. Os efetivos do Batalhão de Operações Especiais (BOE) atuaram por mais de dois meses aqui. Inúmeras armas foram apreendidas, além de drogas, sem contar mais de 100 prisões”, enumera. Ele também sublinha positivamente a importância do Centro de Informações Integradas, considerado o mais moderno do Estado, e o cercamento eletrônico em etapa de finalização.

Para 2019, as autoridades projetam um ano menos violento. Enquanto Becker assinala que o novo presídio coibirá casos de fuga, Marinho acrescenta que a formação de novos grupos de segurança, previsto para 2019, é esperada com otimismo. “Estamos com uma turma de 30 alunos da BM fazendo curso, além de outros 24 para o curso da Guarda Municipal. Teremos 54 pessoas a mais trabalhando diretamente na segurança de nossa cidade”, valoriza.

Marinho pontua estar esperando a nomeação do novo secretário de Segurança do Rio Grande do Sul para iniciar as tratativas, a fim de manter o efetivo na cidade, o que para ele geraria um sentimento maior de segurança para os cidadãos.

 

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