Uma pessoa simples, espontânea, sincera e determinada. Que adora estar envolvida nas comunidades e sempre disposta a ajudar. Com um sorriso no rosto, questionadora e curiosa, assim é Raiane Jacqueline Conci, Dama de Honra da 17ª Fenavinho.

Uma bento-gonçalvense, nascida e criada no interior do município, mais precisamente no Vale do Buratti. Filha de Adelino Conci e Marilene Riboldi Conci, sente orgulho de suas raízes. “Eles nasceram na localidade e, após o casamento permaneceram na propriedade dos meus avós paternos. Durante suas vidas, trabalharam na agricultura, sendo a viticultura a principal atividade para o sustento, seguida de atividades secundárias para a subsistência da propriedade e da família”, revela.

Foi na propriedade, desde muito pequena, vendo seus pais trabalharem, que ela aprendeu o valor do trabalho feito com muito amor e dedicação. “Desde bebê comecei a ser levada para a roça, dentro de um cesto de vime e basicamente passei minha infância desta forma. Sempre acompanhei meus pais em tudo, principalmente vendo-os cultivar a terra fizesse sol ou chuva. Foi assim que me apaixonei pela agricultura e passei a ter orgulho do nosso trabalho e de toda trajetória como descendentes de imigrantes italianos. Minha família me ensinou o valor do “lavoro”, instigaram a conhecer, resgatar e valorizar as origens e participar ativamente de todas as festividades da comunidade. Me ensinaram a “parlar talian” e sempre apoiaram nas minhas decisões, vibrando comigo em todos os momentos. Embora possa parecer clichê, minha família é a base de tudo que sou hoje e sou muito grata por ser filha do seu Adelino e da dona Marilene e mana da Aline”, celebra.

Raiane profissional

Raiane é formada em Licenciatura em Matemática no Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS) e é professora de matemática na Escola Estadual de Ensino Fundamental Pedro Vicente da Rosa. Além disso, continua atuando na vitivinicultura e é associada da Vinícola Aurora. “Quase me formando surgiram dúvidas quanto ao desejo de ‘ser professora’ e/ou seguir na propriedade familiar. Foi por isso que, na sequência, iniciei o curso de Horticultura no IFRS, na busca por conhecimentos técnicos sobre o manejo e cultivo das plantas. Hoje, atuo nas duas frentes”, comenta.

Ela comenta que o desejo de cursar Matemática não surgiu por acaso. “Eu tinha excelentes notas nessa matéria na escola e, de certa forma, era um sonho para minha mãe, em um período que ainda se pensava que trabalhar na agricultura era somente para homens. Hoje, passado um tempo, também me dedico à agricultura por grande influência do meu pai: um homem trabalhador e que me ensinou muito sobre a área”, conta.

A corte da Fenavinho

Para ela, representar a Festa Nacional do Vinho e divulgar as potencialidades de Bento Gonçalves está sendo uma experiência desafiadora, mas ao mesmo tempo incrível e repleta de aprendizados. “Fazer parte da corte da 17ª Fenavinho é uma oportunidade única em diversos sentidos, em especial por representar Bento Gonçalves, seu povo – que tem muita garra e vontade de vencer – e o vinho da nossa região, que é um elemento pertencente à identidade cultural do nosso município. Também é um momento oportuno para adquirir novos conhecimentos e ampliar os horizontes. Além disso, o mais importante é o reconhecimento e apoio da minha comunidade, o Vale do Buratti, que pertence ao distrito de Tuiuty, e de muitos agricultores, que compreenderam que sou uma pessoa que cresci e trabalho em meio à produção de uvas e sentem-se representados na Fenavinho. Isso faz tudo valer a pena”, agradece.

Para a Dama de Honra, a Fenavinho é muito mais do que a maior festa do município. “Ela retrata a identidade cultural dos primeiros imigrantes italianos que chegaram ao município, dos quais sou descendente, e que muito trabalharam para vencer. Pelos frutos de seu trabalho, contribuíram muito para que Bento Gonçalves se projetasse no cenário nacional como a Capital Brasileira do Vinho e ganhasse visibilidade. Hoje, estar na Corte da Fenavinho significa representar as nossas famílias agricultoras, que permanecem no campo, muitas vezes com inúmeras dificuldades, e que contribuem para a continuidade e desenvolvimento do maior polo vitivinícola do país e que merecem ser lembradas e representadas”, conclui.

Raiane por Raiane

Praia ou campo? Campo, preferivelmente o interior de Bento Gonçalves;
Um ídolo: Meu pai;
Uma paixão: O Buratti, por isso, quero agradecer pelo apoio de toda a comunidade;
Quem a inspira? Por quê? Adelino Conci, por que é um homem trabalhador, que me ensinou a ter orgulho das nossas origens e do nosso trabalho na agricultura. Se eu dia, eu for um décimo da pessoa que ele é, estarei satisfeita;
Sobre o futuro, quais são os seus planos? A curto prazo, minha missão agora é divulgar e representar Bento Gonçalves e a Fenavinho dando o meu melhor. Na sequência pretendo continuar meus estudos na área das agrárias, para aprimorar os conhecimentos práticos que adquiri com meus pais e a longo prazo continuar na propriedade familiar produzindo uvas de qualidade e, também seguir na área da docência.