Eu sei que a gente sempre deseja mais, mas não devia. Agora, com a virada de ano, esses desejos vem todos à tona e são exteriorizados em modos de expressão e palavras.
A gente deseja mais para nós mesmos e para quem mais prezamos. Mais realizações. Mais prosperidade. Mais projetos. Mais resoluções. Mais oportunidades. Mais satisfações. Mais conquistas. Mais alegrias. Mais sucesso.
Talvez você não venha aderir a essa ideia e torça o nariz, mas a gente devia desejar menos.
Agente devia desejar menos correria desenfreada como se fosse para ganhar campeonato.
Menos estresse.
Menos etecéteras.
Menos prazos de validade.
Menos carnês a acabar com nosso equilíbrio financeiro.
Menos filas a mastigar nossa paciência.
Menos congestionamentos no trânsito a engolir nosso bom senso.
Menos angústia a nos comer o ar todo.
A gente devia cortar o inútil – Inutilia Truncat. A gente devia cortar os extras e ficar com o realmente necessário. A gente devia usar nosso valioso tempo nas coisas importantes e não somente com as coisas urgentes.
A gente devia desejar que o ano que entrou pese menos. Não no sentido de ser um ano magro, mas no sentido de leve, onírico, transparente.
A gente sabe que más notícias virão com tsumamis, crimes, tragédias, guerras, epidemias, denúncias, indecências políticas, crises, exército de horrores. A gente sabe disso, mas devia desejar que sejam menos pesadas e menos frequentes.
A gente devia desejar menos compromissos enfadonhos.
Menos dias de chuva tediosos.
Menos responsabilidades.
Menos preocupações a esfarelar nosso bom humor.
Menos reuniões meio soníferas.
Menos distrações tolas.
Menos mentiras.
Menos culpa a pesar no travesseiro.
Está anotando? A gente devia desejar menos tecnológico. Talvez, com menos novidades tecnológicas, possamos deixar um pouco de lado os apêndices eletrônicos e abrir a janela pela manhã para deixar a paisagem entrar.
A gente devia começar o ano com menos planos e menos expectativas para chegar ao final mais leves e mais felizes.