Alguns acreditam que a prevenção é suficiente para neutralizar os efeitos da doença, enquanto outros temem a contaminação. Questão econômica também causa preocupação

Em todo Brasil, o coronavírus está causando muito mais do que impactos sociais ou econômicos, mas também psicológicos. O medo excessivo de contrair a doença pode ser um agravante para crises de ansiedade, estresse e até depressão. Agora, precisa-se saber como o bento-gonçalvense está lidando com a situação e quais efeitos emocionais a pandemia pode causar no cotidiano.

Apesar da pandemia, população continua movimentando o centro da cidade

O atendente Geovane Miranda teme pelas consequências para a sua saúde, caso contraia a Covid-19. “Fico com receio de pegar e parar em uma UTI, por exemplo. A gente não sabe como o vírus funciona, acho que depende do organismo. Conheço pessoas que pegaram e estão bem, também conheço alguns que pegaram e ficaram muito mal, mas conseguiram se recuperar”, conta.

Para a vendedora Andreia de Souza, a insegurança que uma parte da população tem não é uma necessidade. “Não tenho medo. Sei que é uma doença e algumas pessoas que têm comorbidades vão sofrer um pouco mais, mas todo mundo vai passar por isso”, acredita.

Apesar de não ter receios relacionados a sua saúde, Andreia teme pelo filho, que tem uma doença respiratória. “Desde que tudo começou, meu filho se manteve em casa e minha sogra cuida dele. Nos preocupamos porque ele tem um pouco de asma, então tomamos bastante cuidado”, afirma.

A vendedora, que trabalha no centro da cidade, acredita que a população de Bento não têm medo. “No meu local de trabalho, quando as pessoas entram, não passam álcool nas mãos, às vezes tiram a máscara e tem uma grande circulação na rua. Muitas vezes não tomam os devidos cuidados e querem cobrar cautela”, destaca Andreia.

A empresária Juliana Rimoldi explica que não é necessário ter medo, mas a comunidade precisa ter mais prudência. “Tomo cuidado, mas acho que não é uma coisa tão aterrorizante quanto as pessoas estão falando”, expressa.

Sobre o fato de a população temer o vírus, ou não, Juliana critica a falta de precaução dos cidadãos. “Acho que medo eles não têm, o que está faltando é um pouco de cuidado. Se tivessem, nós não estaríamos com tantos casos assim. Não tenho visto distanciamento, por isso que falo, querem culpar muito o comércio e têm outras coisas que precisam ser mudadas. Por exemplo, as filas não estão sendo controladas, tanto quanto exigem e o quanto deveria” pondera.

O vendedor Anderson Leardin diz ter medo do coronavírus e afirma ver que a comunidade não está se preocupando como deveria. “As pessoas não entenderam a gravidade do assunto. Acho que até não acontecer com alguém da família, não vão acreditar. Tem bastante aglomeração e não respeitam o distanciamento”, lamenta.

Economia é motivo de apreensão

O maior anseio de alguns empresários é que seus empreendimentos não suportem a crise provocada pelo coronavírus. Alguns acreditam, ainda, que o principal problema atual não está na saúde, mas na economia. “Minha maior preocupação, em relação a pandemia, é que mesmo com o comércio aberto, não é mais a mesma coisa. Não adianta abrirmos e as pessoas não saírem para comprar. Muita gente perdeu o emprego, então o que mais me aflige não é nem a doença em si, porque se tiver cuidado e prevenção, é algo que vai passar”, prevê Juliana.

A proprietária de uma loja do centro da cidade, Solange Schizzi, declara que se preocupa com a situação econômica do município. “Muitos desempregados passando por dificuldade financeira. Consigo me manter porque tenho um comércio, mas e aqueles que não conseguem? ”, indaga.

Geovane Miranda acredita que a economia é importante, mas que há um problema muito maior. “Meu medo sobre a pandemia é o país virar um caos em relação à saúde pública. Apesar de a questão financeira também importar, acho que existem dificuldades mais importantes no momento”, conclui.

Foto: Thamires Bispo