A bruxa anda solta na vida amorosa.

Os relacionamentos se movem em areias cada vez mais movediças. Não estão chegando sequer ao casamento. Rompe-se antes, pouco tempo depois do “Somos apenas bons amigos” e imediatamente após as declarações públicas do “Encontrei o amor da minha vida”.

Declarações de amor não são contratos, mesmo que tenham sido tatuadas na pele.

Do início ao esgarçamento total de uma relação dificilmente passa dos três anos. Caso consiga superar esta marca, já é considerada uma relação estável. Indo além dos cinco, é uma relação diamantada. Passando dos dez anos, a relação vira excessão e é tida como um verdadeiro milagre, com direito à beatificação e canonização do casal.

Até o padre deveria mudar a pergunta tradicional no ritual do casamento para: “Promete ser fiel na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, amando-lhe e respeitando-lhe até que A LUA DE MEL os separe?”

Logo que começa a relação começa a engatinhar é: “gatinho pra cá, gatinha pra lá”. “Amorzin vem cá, amorzin deixe pra lá”. Com o passar das semanas, as delicadas e amorosas formas de tratamento amoroso, viram: “Anta pracá, jumento pra lá”… “Traste pra cá, Verme pra lá”.

É incrível como o rodízio de parceiros e parceiras chega a ser maior do que o encontrado nas mais requisitadas casas de pizzas. As pessoas estão desesperadamente buscando provar novos sabores, sem, entratanto, conseguir saciar o seu apetite voraz.

– Quero experimentar essa com sabor de “tomate seco”.

– Estou com vontade de provar a de “aspargo”.

Assim, quase todo mundo gasta os dias empanturrando-se de relacionamentos. O rodízio somente se completa aos serem servidos nas relações os “Ex” e as “Ex”. Isto até chegar ao rodízio compelto. Só, então, recomeça tudo de novamente, sem intervalo para uma desintoxicação.

– Acabou tudo. Rompemos. Ele voltou para a casa da mãe dele.

– Não se preocupe mamãe, já estou saindo com o meu “ex”.

O “Ex” de ontem pode virar o namorado de amanhã e de novo “Ex” depois de amanhã e está tudo certo.

A moda é ser “Ex”.

Quanto maior a quantidade de “Ex” no currículum sentimental, mais respeitável se torna a reputação.

O que está valendo é a máxima de que “Tudo o que é bom dura pouco”.

Agora, se o rompimento tiver causado um certo barulho, como trazer as revelações íntimas aos microfones e flashes da mídia, muito melhor. O que importa são os holofotes que consegue atrair sobre si.

O rompimento de um relacionamento pode até demandar lágrimas, mas precisa ter uma boa trilha sonora de fundo e uma pizza de chocolate branco com nozes.

Sinceridade demais estão fazendo mal aos relacionamentos. As pessoas se atraem apenas pelas aparências.

Para que “O amor da minha vida” vire um “Ex”, basta deixar os chinelos, a escova de dentes e outras coisinhas pessoais em uma sacola na portaria co o Zelador.

 

[email protected]