O SEBRAE está patrocinando, em Caxias (porque não também em Bento?), um ciclo de debates, ou palestras, a ser realizado na sede dos empresários, em que líderes industriais (Castelan – Randon – Colombo), vão transmitir aos colegas, experiências adquiridas na sua bem sucedida trajetória pessoal e empresarial e, certamente, nortear posturas e ações que possibilitem enfrentar, a que eu considero a pior das situações, que é a de “morar com o inimigo”, que foi o que definiu esta semana o mega empresário Adelino Colombo ao dizer que “a indústria está bem, o que está mal é o governo”. Clóvis Tramontina, em outras palavras disse a mesma coisa em entrevista. E este é o tema que certamente vai aflorar num dia inteiro de debates: “como podemos agir sem contar com o governo”. Se Caxias está bem e vai fazer um ciclo de debates para ficar melhor, imaginem Bento que não está bem, está precisando de tudo. Se não podemos Caxias ser, porque não podemos ser um pouco de Caxias?

GESTÃO PUBLICA
Antes de falar de Bento vamos falar do Brasil. O povo brasileiro optou pela idéia de “vamos melhorar” e não pela idéia de Aécio “vamos mudar”. O governo federal precisa, urgentemente, sair do caminho da crise, fazer investimentos de infra-estrutura (estradas – energia – portos – segurança – saúde), para melhorar. Dilma tem que mudar e parece se mobilizar. Já está convocando empresários para ouvi-los sobre o que e como fazer pois a classe política, passadas as eleições, já está preocupada com o aumento dos vencimentos “já que os juízes aumentaram os seus”, é a ponderação. Não se concebe, a rigor, que empresa pública não seja, hoje, tão eficiente ou mais, do que a empresa privada. É o que se exige dos governos federal, estadual e municipal. O nosso governo estadual está mal de finanças, na verdade sempre esteve, e nenhum governador está conseguindo equacionar a questão, a solução passa pelo governo federal que, se não tem solução para si próprio, como vai ter para os estados? Prefeituras (60% delas estão com problemas financeiros) como a de Bento também carecem de gestões eficientes, não determinadas pela sacrificada ação do prefeito, mas determinadas pela ausência de uma máquina pública bem estruturada e eficiente, sob a liderança do Prefeito.

NOSSO PROBLEMA
O que temos aqui é a Prefeitura mal aparelhada sob o ponto de vista humano e técnico. Sua estrutura administrativa é conduzida por pessoal em cargos de comissão, quer dizer, são nomeações políticas, sem levar em conta habilitação plena para a função. Só para exemplificar, um só secretário tem três ou quatro familiares exercendo cargo em comissão na municipalidade. Nestes dias o prefeito determinou rescisão de 20 pessoas que exerciam cargos em comissão, dez do PP, partido do prefeito, e dez do PMDB, partido coligado. Esse corte foi justificado pelo prefeito como economia, pois as finanças da municipalidade continuam mal, embora a campanha, rica, publicitária, esteja dizendo que estão equilibradas. O que a prefeitura precisa é se aparelhar, preencher seus cargos públicos de forma efetiva, com concursos, com gente de habilitação técnica e eficiência, que a transforme numa empresa eficiente, acima da medida das empresas privadas do município. Não se administra uma Prefeitura só com cargos em comissão até porque é difícil encontrar pessoas com qualificação que se proponham a exercer cargos temporários da municipalidade. Por outro lado, o Prefeito Pasin está demorando, nem sei se se propõe a fazê-lo, em constituir um Conselho de Administração (ou Consultivo), para estabelecer uma ação conjunta e solidária no sentido de equilibrar a Prefeitura, equacionar as nossas mazelas e estabelecer uma gestão de metas eficientes que atenda os interesses de Bento. Aécio ia criar o Conselho. Dilma, depois do susto eleitoral, está ouvindo. Tarso criou o Conselho e não ouviu. Sugerido ao então governo Rigoto ele respondeu: “fui eleito para administrar o estado politicamente e não como empresa”. Dilma quase caiu do cavalo, Tarso caiu do cavalo, Lunelli caiu do cavalo, Pasin, bem Pasin ainda tem tempo para evitar cair do cavalo. Os governantes tem que entender, os políticos também, que tem que aparelhar as instituições públicas, o povo quer ação, determinação, competência, isso só se consegue aparelhando a máquina pública, lotear cargos não resolve, o povo está, e com razão, derrubando. Pode não estar bem politizado, mas não é cego.