Normalmente, depois dos pleitos, surgem os “analistas especializados” para emitirem opiniões sobre os resultados. A maioria deles é regiamente remunerada para opinar, só que essas “opiniões” deveriam ser imparciais, claro. Mas, na realidade brasileira atual, esses “especialistas” podem ser qualificados de qualquer coisa, menos de imparciais.

E tem sido assim ao longo dos últimos trinta e um anos. Isso que aí está é chamado de democracia ao invés de ditadura parlamentar político-partidária, apoiada pelo que de pior pode existir na imprensa, que é a parcialidade. E começaram a surgir os “analistas políticos”, “comentaristas econômicos”, “juristas” e outros “istas”. Este ano tivemos a eleição mais atípica da história. Não tivemos campanhas eleitorais nababescas, com partidos aliados – por mais paradoxal que pudessem parecer essas alianças – tendo verbas restritas em razão da proibição do financiamento através de empresas.

Os resultados das eleições foram interpretados ao bel prazer da mídia que obedece aos seus patrões, os “donos do Brasil”, que são os que mandam em tudo no País. Então, seguindo o “roteiro” pré-estabelecido, deram o “grande perdedor” como sendo o PT. Claro que o PT teve um mínimo de candidatos eleitos. Surpresa seria se tivesse obtido sucesso nas urnas.

O massacre midiático-político-partidário que assolou o partido de norte a sul do Brasil foi algo sem precedentes na história da humanidade. O PT, cujos caciques foram os principais culpados de tudo, se apresentou como o partido da “ética, da moral, da honestidade” antes de 2002, quando elegeu seu líder maior, Lula, depois de três derrotas consecutivas.

Mas, assumiu o poder e o que fizeram? Viram o que até os sabiás da bela mata da EMBRAPA já haviam visto: membros dos partidos que dominavam o Brasil há décadas roubaram os cofres públicos a torto e a direito. E os petistas perceberam que eles roubaram adoidado e nada lhes aconteceu. “A Privataria Tucana”, por exemplo, livro fartamente documentado, mostrou parte das falcatruas, mas foi solenemente ignorado pelas “autoridades competentes” que tinham o dever, como agora têm, de investigar, denunciar e processar os ladrões. A petezada viu que a impunidade era a tônica e não se fez de rogada: começou a meter a mão também, acompanhado por membros do PP e PMDB, antes aliados do PSDB e agora seus “companheiros”, mestres na arte da corrupção, até mesmo por “tempo de serviço”.

A “imprensa amiga” se encarregou de fazer a cabeça da população e grandes ladrões estão sendo ignorados. São Paulo, do “trensalão”, do “merendão” e do “rouboanel” é exemplo emblemático de quem “ganhou”. Mas, quem perdeu, mesmo, foram TODOS os partidos políticos. Sim, foram derrotados pelos votos nulos, brancos e abstenções. O que prova que boa parte do povo brasileiro não está sendo manipulado pela imprensa e sabe bem que nessa zona política não há virgens. E se o povo está realmente antenado, é bom que os dirigentes partidários coloquem as barbas de molho. O assunto é vasto. Voltarei a ele.