O ser humano vive em uma busca constante por adrenalina. Ao mesmo tempo que o pé consciente pisa no freio, pela comodidade da rotina e pelo medo do novo, o pé inconsciente acelera ao encontro de desastres.
O novo normal não é bem aquilo que eu imaginava. A superficialidade está com níveis mais altos que o esperado. Mas, a produtividade alcançou marcas históricas! Sim, é para se sentir meio lixo mesmo. De repente, todo mundo entende de política no Twitter. De repente, todo mundo tem uma solução melhor para colorir mapa e desafogar UTIs. Podiam já ter inventado a vacina também, né, espertalhões?

Quem é você na ordem do dia se não tem uma opinião de extrema esquerda, se não milita, se não tem surtos, se não fala sem pensar, se não olha somente para o próprio umbigo? Se não produzir conteúdo no Instagrãmm, se não postar foto seminua como forma de libertação (a boca ainda vai pagar, certeza), se não pisar todos os dias nos próprias neuroses fingindo que elas não existem em prol do ‘dia perfeito’?

O ser iluminado está em marca d’água, quase invisível nesse atual cenário que está em evidência. Serve quando procuram segurança, estabilidade, conselho. Serve porque dificilmente diz não. Mastigam as palavras e atitudes tanto ou mais que o recomendado por um dentista. E quando não engole, envenenando-se, transforma em borboletas e solta. Mas quem se importa?

Normalmente é aquela pessoa que “não fede e não cheira”, a “sem sal nem açúcar”, não tem “opinião forte”. Não é assim que a gente fala?
Mal sabem eles o que existe nessa carcaça. Os tesouros escondidos, os mundos paralelos, as sábias palavras camufladas em pensamentos que se dissolvem com a hipocrisia – talvez não seja você o superficial que só enxerga o que está por ‘fora’? – Pode não ser a pessoa mais popular, cool, famosa, mas tem uma incrível capacidade de se colocar no lugar do outro, de ser gentil, porque isso simplesmente lhe afaga o coração. “Quem tem uma pessoa dessas tem tudo”. Tudo o que? Ela presta serviços?

É o que, no fundo, as pessoas pensam. Por isso poucos se importam quando ele mais precisa. Na verdade, poucos enxergam, afinal, ela não é de falar sobre si. Ela não atira pérolas aos porcos porque é tendência, simplesmente é assim e está bem com isso. O problema da indiferença é que toda essa bondade não é lapidada, nem valorizada. Isso faz com que a terra vá secando, com que os brotos morram antes mesmo de florirem o jardim mais uma vez.

Os seres iluminados um dia se apagam. São seres humanos, com uma sensibilidade ímpar, e ‘certeza absoluta’ que cuidaram e mudaram a vida ou o pensamento de muita gente. Necessitam de cuidados, mesmo que, às vezes, não consigam deixar que a demanda transpareça. Se você não consegue entender ou corresponder à altura, pelo menos não seja
vampiro energético nesse campo de luz, ou eles irão entrar em extinção.