Prédio no São Francisco deveria estar concluído em 2010, mas construtora vem atrasando entrega e indigna proprietários

Pelo menos 16 pessoas esperam a entrega do prédio residencial Fiorenzo, localizado na rua Júlio de Castilhos, no bairro São Francisco. Segundo contrato original estabelecido com proprietários dos apartamentos, a construção deveria ter sido concluída em 2010, mas compradores afirmam que a Futura Construções, empresa responsável pela obra, adia a finalização e não aceita negociações. Em comissão, moradores chegaram a cogitar investir recursos próprios para terminar a obra, mas de acordo com eles, a empresa não acatou a proposta.
O documento original, firmado entre a construtora e os compradores, também estabelece que, se caso a entrega não ocorresse no prazo, o vendedor “ficará obrigado pagar o valor equivalente a 0,50 do Custo Unitário Básico (CUB) mensalmente” ao comprador. De acordo com os proprietários a maioria dos compradores optou por seguir pela via pacífica e negociar direto com a empresa, sem envolver a Justiça. “Nós chegamos com a proposta para ele entregar a obra para nós terminarmos, mas ele se nega”, reitera uma proprietária.
Além disso, eles contam que contataram um engenheiro para fazer o levantamento técnico sobre o total a investir, para a conclusão. “Ele avaliou que seria necessário em torno de R$ 1,5 milhão. Nós não nos importamos em terminar”, ressalta ela.
Os proprietários também afirmam que a empresa se
utiliza de manobras financeiras nos empreendimentos. “Não terminou o Fiorenzo, aí começa outro prédio. Aí ganha dinheiro das pessoas e, para terminar o segundo, começa outro prédio. O Fiorenzo é o pior de todos, mas tem outros com problema”, enfatiza um deles.

Abandono

Proprietários também relatam que ocorreram invasões ao edifício nos últimos meses. A informação foi confirmada pelos vizinhos do prédio para o Semanário, que relataram
a presença da Brigada Militar (BM) no local por duas vezes. Além disso, contam que o
tapume foi refeito no sábado, 17, com o objetivo de dificultar o acesso de pessoas
não autorizadas.
Segundo o sindico do prédio vizinho ao Fiorenzo, Lídio Bassani, as invasões representam um problema para as pessoas que vivem nas proximidades, uma vez que se sentem com a segurança ameaçada. “Já fui abordado por uma pessoa pedindo dinheiro quando cheguei em casa, de noite. Eles estavam praticamente morando no prédio abandonado. Só consegui entrar em casa depois que ele foi embora, porque peguei o celular e falei que ia ligar para a polícia”, relata.
Outro vizinho, que preferiu não se identificar, relata ter pena dos moradores de rua e afirma que a presença deles não causou problemas. O proprietário da empresa Futura Construções, Nelson Rigon, foi procurado pela reportagem do Semanário, mas preferiu não se manifestar sobre o caso.

 

Proprietários relatam omissão de empresa e se revoltam

Andrea Rigo de Oliveira, Anderson e Janice Cavalini, Guilherme Busetti, Julia Liviera, Eder Frare, Carlos Lamberty, Roberta Poleto, além de outras pessoas, se dizem prejudicadas direta ou indiretamente pelo atraso na entrega das obras do edifício Fiorenzo, que já se prolonga por oito anos. De acordo com eles, a Futura Construções está sendo omissa em buscar uma solução e demonstram revolta com a questão.
Os relatos também revelam a relação das pessoas com o problema no prédio, visto que os planos iniciais dos proprietários envolviam desde morar no local, até garantir um lugar mais confortável para familiares, já idosos. A questão do espaço estar sendo ocupado frequentemente por moradores de rua também revolta proprietários.

 

“A obra se encontra abandonada e o construtor continua mantendo atividade em outras obras. Já entramos em contato com o responsável, Nelson Rigon, e o mesmo não esclarece nada”.

Guilherme Busetti

 

“Meu pai teve uma doença degenerativa, por isso resolveu comprar um apartamento em um prédio com elevador. Pagou a maior parte à vista, deixando uma pequena parcela para a entrega. Com o tempo, a doença foi piorando e há três anos ele faleceu, sem ver o apartamento pronto. Hoje estamos dispostos a terminar o prédio por conta própria, mas pelo visto a construtora nem termina a obra e nem abre mão para que possamos intervir”.

Andrea Rigo de Oliveira

 

“O senhor Nelson Rigon nunca cumpriu com as promessas e prazos estabelecidos nestes contratos e adendos”.

Anderson e Janice Cavalini

“Até hoje a obra está abandonada e sabemos que o construtor continua mantendo atividade em outras obras”.

Julia Liviera

“Minha intenção era casar em novembro de 2010 e morar no apartamento tão logo fosse entregue. Tive muitos prejuizos materiais e morais, tive que morar com meus sogros e depois com meus pais, além de pagar aluguel. Cabe ressaltar que a mesma construtora praticou esses mesmos atrasos em outras obras pela cidade”.

Carlos Lamberty

“Como trabalho no mesmo bairro do apartamento, minha intenção era morar perto. Com os atrasos, Nelson Rigon não respondia nenhum questionamento e não estipulava prazo de entrega. O que temos no momento é sentimento de impotência”.

Roberta Poleto

“Adquiri um apartamento ainda em fase de construção com o objetivo de auxiliar meus pais, que estão com mais idade e algumas dificuldades físicas. Hoje eles precisam continuar na mesma residência, sendo que o pagamento foi antecipado. Lamentável”.

Eder Frare