Na primeira noite do ano novo, eu estava na garagem recolhendo as fraldas do último dia do ano velho. Literalmente. Um sacão cheio de saquinhos, lembranças dos bebês que nos brindaram, na virada, com seus sorrisos, chorinhos e cacas. Tainá, de um ano, Felipe, de oito meses e Benício, de um mês, completaram todos os espaços da casa e do coração.

A quietude latia nos meus ouvidos já acostumados com o barulho… Ou era a Babi, lá, em cima, que deixava o esconderijo depois de uma semana sumida por causa da baderna. Foi então que percebi a presença do Batatinha. O gato punha em risco uma de suas sete vidas desafiando uma aranha enorme, do tamanho de um pires. O abdômen dela parecia uma jabuticaba, e a cabeçorra ostentava quatro pares de olhos estrábicos. Para completar o quadro horrendo, ela empunhava pelos negros e espinhosos. Levianamente, o bigodudo provocava o monstrengo, repetindo a ação: uma patadinha rápida e um pulo para trás.

Gritei apavorada. Chamei os homens da casa. Onde estavam todos, quando mais precisava deles?

Apelei à minha autoridade ordenando ao Batatinha que se afastasse, mas ele, nem aí com minha voz de comando. Sem opções e na iminência de um desfecho trágico, peguei meu chinelo e “VAPT”. Sem pensar.

“Mai gódi!”, falei no meu inglês impecável. Eu tinha matado uma aranha gigantesca! A primeira nos meus sessen…, a primeira nesta vida.

Aí me surgiu a ideia de usar, como promessa para 2015, algo viável. Nada de dietas milagrosas, academias malucas, economias idiotas, etecétera e tal. O lance seria enfrentar o medo. De aranhas, é claro! Se bem que, em abril… brrrrrrrrr… Cruz credo! Acho que preciso incluir nova cláusula no contrato. A não ser que… Marty McFly, de “Volta ao Futuro” para 2015, não previu tele-transporte?

Por via das dúvidas, já vou me familiarizando com o monstro voador. Logo, logo, cheia de coragem, estarei entrando no jato mais confiável da Terra, pela primeira vez… Por falar nisso, ainda funciona o bar do avião na rota de Garibaldi?