A exposição, criada em 2017, volta a circular no dia 2 de novembro, em Bento Gonçalves, Esteio e Montevidéo

Reafirmando novos contextos de emergência da cena cultural de Bento Gonçalves, o projeto Rolê Coolture Trip evidencia a linguagem contemporânea das danças urbanas e promove novos códigos estéticos para diálogos sobre dança, artes visuais e comportamentos culturais. Com registros fotográficos de Bruna Ferreira, a exposição evidencia a Cypher Vico, um dos principais pontos de encontro urbanos da Cultura Hip Hop que ocorre semanalmente em Bento Gonçalves, na Praça Vico Barbieri.
Criada em 2017 e apresentada pela primeira vez na galeria da Fundação Casa das Artes, durante a Battle In The Cypher, a exposição começa a circular, dando potência e importância a esses novos contextos artísticos contemporâneos. Os trabalhos já foram expostos no Sesc Bento Gonçalves e Casa de Criar, de São José do Rio Preto.
A partir do dia 2 de novembro as obras estarão na ACHE Casa da Cultura Hip Hop, em Esteio, e ainda circularão pela Livraria Dom Quixote, em Bento Gonçalves e na Casa de Cultura Afrouruguaya, em Montevidéu, no Uruguai.
Os protagonistas das cenas registradas pela fotógrafa são, além dos b.boys e b.girls que “colam” na Vico desde 2012, os anônimos e parceiros que circulam por lá por afinidade ou simpatia, o espaço, o ambiente, o fluxo dos movimentos as danças urbanas na paisagem da cidade.

Casa de Criar


“Dessa exposição o que mais gosto é o calor. Pensei em juntar o conceito do encontro da Cypher da Vico, mas sem mostrar especificamente dança, e sim o que acontece em todo o rolê que é estar na Vico. A criançada brincando, interagindo, o sol que invade a cypher durante as tardes. Vendo a exposição se entende que o rolê une dança, a necessidade de estar ao sol e tudo o que rodeia a cypher na praça”, diz Bruna.
Estes recortes visuais estão reunidos em 10 trabalhos tamanhos 100x80cm, em material de pvc, todos coloridos. As imagens foram feitas entre 2018 e 2019 e, nesta proposta de circulação, o trabalho também ganha outros suportes, pois a exposição também será dotada de QR Codes que linkam para vídeos exclusivos dos artistas dançando, e falando de suas caminhadas artísticas. Assim, o conceito e a proposta do projeto se expandem, dando aos artistas bento-gonçalvenses protagonismo e representatividade, expondo seus trabalhos no município e também chegando a outras cidades do Estado, do Brasil e da América do Sul.
O projeto Rolê Coolture Trip também afirma a construção de uma autoria artística. Afinal, a fotógrafa Bruna Ferreira teve seus primeiros contatos com a Cultura Hip Hop na praça onde fez seus registros fotográficos. Além de se tornar uma praticante das danças urbanas, ela percebeu falta de registros dessa manifestação e “fez seu corre”. Começou de forma amadora e informal, mas foi refinando a prática fotográfica e buscando sua profissionalização. Outra faceta desse processo é o livro de registros Nossa Casa: Cypher Vico e a realização da Expo Coolture Trip, feita com recursos próprios.
Reunindo estes contextos, o projeto Rolê Coolture Trip faz este passeio pelas diferentes vertentes da Cultura Hip Hop, registra um momento e um contexto histórico-cultural da cena artística contemporânea da cidade e dela para outros contextos e promovendo intercâmbios e projeções artísticas.

“A importância de ter cultura urbana em diversas galerias de arte é além da visibilidade, mostrar também outras formas de se fazer cultura urbana. As fotografias e a exposição em si também fazem parte da cultura Hip Hop, mas com uma linguagem diferente. Diferente não só pra pessoas de fora, mas também pra nós que convivemos com isso todos os dias, e isso nos inspira a sempre fazer coisas que alcancem mais pessoas e que seja algo surpreendente para quem é do meio.”
Bruna Ferreira