Na avaliação de diretora-geral do CPERS da região, adesão dos docentes estaduais permanece como no início do movimento

Mesmo que a Escola Mestre Santa Bárbara, onde a adesão era maior, tenha voltado parcialmente às atividades, a avaliação do núcleo local do Centro dos Professores do Rio Grande do Sul (Cpers) é de que a greve permanece nos mesmos patamares se comparado ao início do movimento, há pouco mais de um mês. De acordo com a diretora-geral do Núcleo, Juçara Borges, funcionários de outras instituições, em Carlos Barbosa, aderiram ao protesto nos últimos dias.
Na opinião de professores, é necessário que a classe se mobilize mais para não perder os direitos conquistados no passado. Além disso, eles apontam que o Governo Estadual ameaça demitir os funcionários contratados que aderiram à suspensão.
De acordo com Juçara, os professores estão esperando os próximos passos do governo, que está desesperado, ameaçando demitir os contratados. “Parece que eles não têm conhecimento que isso caracteriza perseguição”, avalia.
Juçara ainda coloca que há mais professores com contrato do que concursados, no Rio Grande do Sul. “Nós queremos garantir o direito deles de fazer greve também”, afirma. Na próxima semana, o núcleo do Cpers da região estará novamente em Porto Alegre, para buscar barrar os Projetos de Lei (PLs) que preveem privatizações.

Adesão aumenta

No Rio Grande do Sul, de forma geral, Juçara avalia que a adesão aumentou. A estimativa do Governo revela que 35% dos professores estão paralisados. “Podemos estimar o dobro. As informações da central estima que 70% da categoria está em greve, com escolas fechadas”, argumenta.
O Cpers ainda não tem data prevista para a próxima Assembleia Geral da categoria, visto que na última não houve acordo entre a categoria e o Executivo estadual. “O Sartori não deu retorno nenhum, não apresentou proposta alguma para o sindicato. Nada de dizer que não vão parcelar e que vão pagar em dia”, afirma.
Ela comenta ainda que o governo não quis discutir o reajuste.”Eles chamam para negociar, mas não apresenta m contraproposta. Nós precisamos disso, no mínimo, para apresentar à categoria”, argumenta.
O ato do sindicato e a Assembleia Geral, em Porto Alegre, na sexta-feira, dia 29, reuniu cerca de 30 mil professores. Na ocasião, a categoria decidiu pela continuidade da greve.

Professores querem dignidade

O professor Everton Luis Dieter, que leciona na escola do presídio em Bento Gonçalves, afirma que a categoria está buscando dignidade. “Tenho uma lista de livros que eu gostaria de comprar e não posso. É difícil comprar uma casa, por exemplo, com o salário que o professor recebe”, comenta.
Ele conta que onde leciona, é o único que permanece em greve. “Até há pouco tempo, tinha outro professor, mas que desistiu quando entrou o salário, está indeciso”, afirma. Além disso, Dieter reitera que os professores contratados estão sendo ameaçados de exoneração, caso fiquem em greve.
Na comparação entre concursados e contratados, Dieter comenta que a maioria dos contratados não tem direitos. “Eles não têm plano de carreira e os benefícios dos nomeados. O governo utiliza isso para fazer pressão, o primeiro da lista é o grevista, sempre”, argumenta.
O professor das escola Mestre Santa Bárbara e Dona Isabel, Paulinho Tumelero, relata que ele e outro professor continuam em greve. “A categoria deveria se mobilizar, porque uma andorinha sozinha não faz verão”, aponta.
Mesmo como contratado e tendo seu cargo ameaçado, Tumelero pretende ficar em greve até o fim. “Nós temos que lutar, temos que conseguir. Os professores antigos lutaram por esses direitos”, afirma.