Raquel Dodge abriu a 5ª Conferência que encerra ciclo de encontros regionais para debater a equidade de gênero no Ministério Público brasileiro

“O movimento sufragista e de emancipação feminina iniciado no século XX não se completou. É preciso superar obstáculos visíveis e invisíveis que ainda são impostos às mulheres”. A afirmação é da presidente do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e procuradora-geral da República, Raquel Dodge, e foi feita nesta sexta feira, 28 de junho, durante a abertura da 5ª e última Conferência Regional de Promotoras e Procuradoras de Justiça na região Sul, em Bento Gonçalves-RS.

O evento encerra uma série de cinco conferências realizadas ao longo do primeiro semestre com o objetivo de promover um diagnóstico sobre a questão da equidade de gênero no Ministério Público. Realizada em parceria com a União Europeia (UE), a iniciativa reuniu desde a primeira edição, no mês de fevereiro,mais de 300 pessoas que discutiram o tema da equidade abordando aspectos como acesso e ascensão de mulheres na instituição,os desafios da equidade em relação à remuneração, a presença de mulheres nos espaços de poder como a direção de organizações privadas e públicas e, de forma destacada, na política.

Ao abrir a conferência, Raquel Dodge fez questão de destacar que a equidade de gênero ainda é um assunto novo, em construção e que o evento faz história quando abre espaço para que seja tratado com altivez e com a seriedade que merece. “Em geral nossos diagnósticos são quantitativos. Nas conferências,o propósito é permitir um diagnóstico subjetivo. Queremos ouvi-las sobre pretensões, percepções,motivações que expliquem como atuamos, que pautas defendemos, se temos um olhar diferente sobre os temas nos quais atuamos? Quais são os obstáculos visíveis e invisíveis e como operam sobre o nosso trabalho”,exemplificou.

A presidente do CNMP afirmou que as conferências ampliaram a discussão do tema tendo como foco os avanços e desafios impostos às mulheres em todo o mundo. Como ponto de partida, ela citou a Declaração Universal de Direitos Humanos, de 1948 que, como destacou foi aprovada um  momento difícil do mundo, após a segunda Guerra Mundial e que, pela primeira vez declarou a dignidade humana, de homens e mulheres. Raquel Dodge enfatizou que a partir da Declaração, houve uma revolução na legislação civil. No caso do Brasil, ela destacou normas que permitiram às mulheres direitos como o de administrar o próprio patrimônio, de ter a guarda dos filhos, à integridade do próprio corpo, enfatizando que é nesta perspectiva de avanços que os debates são estimulados na conferência.

Sobre a organização do evento, a presidente do CNMP explicou que foi criado um método científico para mensurar os resultados de cada oficina e painel que integram a programação. A medida é resultado de parceria entre a Escola Superior do Ministério Público da União e a unidade dos Ministérios Públicos Estaduais. Lembrou ainda que todo o evento é auditado por uma equipe financiada pela União Europeia a quem agradeceu pelo apoio, inclusive de ordem financeira. “A União Europeia elegeu equidade entre homens e mulheres como prioridade, com metas e indicadores claros para fazer avançar esta agenda. Nesta perspectiva é que apoia este nosso projeto”, resumiu.

Ainda durante sua fala, Raquel Dodge lembrou a campanha Go Equal, que tem como protagonista a jogadora Marta. Ela lembrou que, embora seja a maior artilheira das copas do mundo de futebol e enfrente os mesmos desafios de outros atletas, recebe menos de 1% do salário de outros jogadores. “A chuteira censurada de Marta ilustra bem o tamanho do nosso desafio na defesa da equidade”, afirmou, referindo-se à atitude da atleta, que recusou o patrocínio para chamar atenção para o problema.

Fonte: Secretaria de Comunicação Social
Fotos: Augusto Tomasi/UE