Instalados na região da Serra Gaúcha e no Centro do estado a partir de 1875, os imigrantes italianos contaram com a pouca ou quase nenhuma assistência do Poder Público. Pela força do machado e da enxada, começaram transformar as matas em lavouras para o sustento. Mas como “não só de pão vive o homem”, os imigrantes buscaram também construir espaços que proporcionassem uma vida social onde pudessem partilhar suas dores e alegrias.

Oriundos, em sua grande maioria, do norte da Itália, marcado profundamente pela presença institucional da Igreja, os colonizadores encontraram na “capela” um ponto de partida para construir uma vida social. Pouco a pouco passaram a construir pequenos oratórios dedicados aos santos de suas localidades de origem. Nestas pequenas igrejas, reuniam-se aos domingos e dias festivos para rezar e conviver.

A iniciativa para a organização da capela e dos próprios imigrantes. Os primeiros padres, ao visitarem a região, encontraram as capelas já prontas. As capelas respondiam não só as suas necessidades religiosas, mas também às econômicas e de sociabilidade. O complexo que envolvia o espaço físico para oração, a escola, a “bodega comunitária que servia de pequeno entreposto de comércio de produtos de primeira necessidade, o salão para as festas e o cemitério”. Junto com as estruturas, foram nascendo as lideranças. Também surge o professor que ensinava o rudimentar da língua italiana, portuguesa e de matemática, também se ensinava a doutrina cristã. Diferente do que muitas vezes se afirma, a maior parte dos imigrantes trazia da Itália um mínimo de educação formal. A luta pela sobrevivência fazia com que toda a mão de obra disponível inclusive a infantil, fosse ocupada com o trabalho na lavoura ou o trabalho doméstico, o que levava os pais a deixarem em segundo plano o envio dos filhos à escola.

A dificuldade para consolidação das escolas comunitárias nas colônias italianas deve-se também à carência de professores, suprida, num primeiro momento com indicação, pela comunidade, de alguns imigrantes que tivesse conhecimentos mínimos da gramática italiana, matemática e língua portuguesa. Formados pela iniciativa espontânea dos moradores da “capela” e sem qualquer relação com o Poder Público, as escolas apareciam e desapareciam sem deixar registro.

Em meio a todas as carências , as escolas foram vistas como um fator de integração dos filhos dos imigrantes à sociedade brasileira. A partir da Proclamação da República, ser alfabetizado passou a ser uma condição para poder exercer o direito de voto e assim integrar-se efetivamente como cidadãos brasileiros.

A experiência das escolas comunitárias, mesmo que limitada, foi significativa pois representava autonomia e a possibilidade de êxito na nova Pátria.