A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) decidiu, ontem, pela manutenção do preço mínimo da uva em R$ 0,57. A decisão não agradou o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bento, que através de sua presidente Inês Fagherazzi, disse que a medida desvaloriza o trabalho dos agricultores e tira o jovem do campo.

Sabe-se, no entanto, que esse valor é para a uva comum. Então, dependendo da plantação e da qualidade da fruta, o produtor acaba ganhando um pouco mais. Mesmo assim, o preço mínimo estipulado sempre fica aquém dos custos com a produção, que, segundo pesquisa da Comissão Interestadual da Uva junto a 22 sindicatos rurais, chegou ao valor de R$ 0,67 por quilo, para a safra 2012/2013.

Um dos motivos para a diferença é que a definição do preço é política e técnica, enquanto a pesquisa da Comissão mostra o que realmente se gasta. Além disso, outro fator que pode ter contribuído para a manutenção do preço foi a dificuldade na comercialização do vinho e os estoques das vinícolas. Esse problema vem acompanhado da alta carga tributária, diminuição do consumo da bebida, aumento da produção de uvas, produtos que imitam o vinho, falta de controle e fiscalização, entre outros.

Nestes casos, debater o problema é a melhor solução para o consenso. Não basta agradar somente um dos lados da cadeia produtiva, afinal existem famílias que investem todo seu tempo no cultivo de parreirais e seu sustento depende disso. Não raro é possível ver agricultores se dedicando a outras atividades além da uva, como o turismo rural, hortaliças e demais culturas. Por isso, sempre há maneiras ou medidas que podem contribuir para ajudar vinícolas e produtores a obter bons resultados na safra, trabalahndo em conjunto. Se o preço mínimo é baixo, oferecer gratificações, como algumas cantinas já fazem, pela qualidade do produto é uma boa saída.

Em paralelo às discussões do preço mínimo, estão as previsões para esta vindima. As expectativas de sindicatos e da Comissão Interestadual da Uva é de que a colheita seja menor que a do ano passado. Segundo o presidente da Comissão, Olir Schiavenin, foram ouvidos mais de 500 produtores. Entre os municípios da região, somente dois admitiram que a safra pode ser igual a de 2011/2012. Em Bento e Flores da Cunha, os dois maiores produtores, a colheita deve ser 15% a 20% menor. No entanto, Schiavenin explica que não há parâmetros para fazer uma previsão neste momento, já que o clima dos próximos dias é que vai determinar a qualidade e a quantidade de uva.

Teremos que esperar o final da vindima para saber se essas previsões mínimas realmente se confirmarão. Até o momento o clima tem ajudado na fase de maturação da fruta e fica o desejo que as próximas semanas reservem dias de sol e calor e pouca chuva para nossa região. Dessa forma, um bom futuro aos nossos vitivinicultores estará garantido.