Médica Oncologista do IC garante que informações genéticas podem auxiliar no tratamento e no controle da doença

Quando casos de câncer são registrados no seio familiar, é necessário redobrar a atenção. Especialistas garantem a necessidade em estar atento ao autoexame, apalpando as mamas como objetivo de conhecê-las. Assim, é possível identificar se algo foge do normal, e com isso identificado, buscar um especialista para iniciar a investigação diagnóstica, que pode ser feita com uma ultrassonografia mamária e a ressonância magnética.

Formado por mutações genéticas e passadas de geração para geração, a médica oncologista do Instituto do Câncer (IC) do Hospital Tacchini, Juliana Grasselli explica que a probabilidade, caso haja identificação da existência da síndrome de predisposição em irmãos e filhos pode alcançar 50%. Conforme a médica, as causas do câncer são divididas em genéticas (hereditárias), que são responsáveis por cerca de 15% dos casos. “Fatores externos como exposição solar, fumo, álcool, obesidade, sedentarismo, entre outros, também são determinantes”, explica.

De acordo com a oncologista, conhecer o histórico de câncer em uma família pode ser decisivo tanto para escolha do melhor tratamento para um paciente, quanto na redução do risco de ocorrência de novos casos no próprio paciente e seus familiares. “Para identificar este tipo de propensão é fundamental aconselhamento genético. Em geral, o sinal de alerta para estas síndromes são: ocorrência de câncer em idade jovem (menos de 50 anos), vários casos de doença na família e diversos tumores no mesmo paciente”, observa. “Nesses casos, está indicado o aconselhamento genético, onde se realiza uma entrevista para avaliar quantos e quais tipos de câncer ocorreram naquele grupo familiar, assim identificaremos qual a síndrome de predisposição hereditária ao câncer naquela família e permite a indicação correta de testes moleculares para cada situação”, explica.

A médica diz ainda que o fato de um diagnóstico familiar de uma dessas síndromes, não significa que a pessoa desenvolverá a doença, mas é decisivo para identificar os riscos para cada tipo de tumor naquela família específica e para que se possa discutir junto com equipe multiprofissional a indicação de cirurgias redutoras de risco e rastreamentos precoces. “Existem diversos tipos e técnicas de testes genéticos que identificam síndromes de predisposição para canceres de mama, ovário, cólon, próstata e outros tipos de neoplasias. A indicação e a necessidade de se realizar um desses testes tem de ser avaliada por um especialista”, recomenda.

Incidência de câncer na microrregião

Atualmente, o Instituto do Câncer do Hospital Tacchini realiza um estudo para identificar fatores de risco que possam indicar a incidência de câncer em nossa microrregião. De acordo com Juliana, o material está sendo analisado por uma equipe, observando o histórico familiar detalhadamente e encaminhando os resultados para avaliação genética, que fica sob a responsabilidade da médica geneticista Camila Bittar. “A expectativa é de que estes resultados sejam divulgados em 2019”, espera Juliana.