A palavra prevenção entrou na moda nos últimos tempos. Definida pelo dicionário Aurélio com ato ou efeito de prevenir, evitar que aconteça qualquer mal, é utilizada em inúmeros cenários do cotidiano. O foco de luz que atualmente se posiciona sobre o dito é referente à aprovação de uma medida legislativa sobre um tema que divide opiniões, o bullying. Quem nunca ouviu a frase “no meu tempo faziam a mesma coisa e estou bem” em rodas de conversa sobre brincadeiras de mau gosto realizadas em instituições de ensino. Pois bem, diferente dos poucos que ainda mantém este pensamento e em consenso com a maioria da população, o Governo Federal também não vê como inofensiva utilização de termos pejorativos em locais que tem como objetivo principal exaltar a educação. A lei sancionada em 2015, mas que passa a vigorar este mês representa uma pequena, mas significativa evolução da linha de pensamento de líderes do país. Imagine o quão bom seria se pudéssemos deixar nossos filhos em educandários sem ter receio de possíveis agressões e chacotas direcionadas à raça, cor, ideologia, credo ou porte físico. Provavelmente a partir deste mês, estaremos um passo mais próximo deste objetivo.

Todavia, como o debate sobre o bullying é polêmico e dá margem para discussão, também existe o contraponto de uma pequena parte da população, aqueles que por muitas vezes proferiram a afirmação acima citada, e mantém um posicionamento um tanto quanto obsoleto, ao defenderem que a prática tende a fortalecer a personalidade da vítima, sem resultar em possíveis danos psicológicos. Embora tal linha de pensamento só represente uma parte pequena da população a situação inspira precaução, pois como dizem os mais sábios, basta uma faísca para iniciar um incêndio.

Ainda referente à palavra prevenção, o termo tem deixado a desejar no que compete à Segurança Pública Municipal. Os assassinatos registrados em fevereiro, que já chegam a quatro, têm consternado a população em virtude da insegurança que se instaurou em locais até então considerados tranquilos. Neste caso não podemos indicar como motivador da crescente criminalidade o trabalho realizado pelos os poucos soldados que compõem a Brigada Militar de Bento Gonçalves. O sistema é falho. Vivemos a mercê de um método penal que prende e solta criminosos em menos de um dia. De uma promotoria engolfada em pilhas de processos, cada vez mais volumosa, sem o número mínimo de servidores para que o trabalho possa ser realizado.

Se analisarmos a quantidade de crimes cometidos por foragidos ou apenados reincidentes, a tão almejada prevenção nesses casos acaba sendo desbancada, em segundo plano, encoberta por diretrizes que muitas vezes protegem mais o ladrão do que o cidadão.