Mais uma ocorrência envolvendo o Presídio Estadual de Bento Gonçalves acordou os bento-gonçalvenses no início da manhã desta segunda-feira, 25. Pela enésima vez, detentos atearam fogo em colchões, interditando mais duas celas da casa de detenção. Uma modalidade de delito que já virou rotina e não muda a situação de ninguém, nem dos apenados e nem do prédio da penitenciária.

Agora, para evitar mais transtornos, o Poder Judiciário determina que os presos do regime semiaberto sejam monitorados através de tornozeleiras eletrônicas. Algo até mais sensato, se levarmos em conta a situação caótica do Presídio Estadual, que há vários anos não tem mais condições de receber prisioneiros. A adoção desta medida será um teste para uma ação definitiva no futuro, quando o novo presídio estiver construído, que é a reclusão apenas de presidiários que estejam no regime fechado. A decisão da juíza Fernanda Ghiringhelli de Azevedo vai ao encontro de um pedido do promotor criminal Gilson Medeiros que, diga-se de passagem, é um defensor do fechamento do presídio, sem que nenhum detento fique por lá.

Porém, mesmo que a medida seja atendida pela Susepe, ainda restarão na penitenciária 108 apenados do regime fechado e outros 26 que estão no semiaberto, mas que não têm trabalho fora da prisão. Isso faz com que um questionamento seja levantado: afinal, o Presídio Estadual não estava interditado? A resposta: sim, estava. Porém, podemos dizer, sem medo de errar, que esta interdição nada mais foi que um nariz de cera para tentar acalmar a sociedade e os formadores de opinião. A casa de detenção não esteve um dia sequer interditada. Caso contrário, não teria mais de uma centena de detentos recolhidos em seu espaço.

O prédio atual do presídio é um caso sem solução. Não há mais o que fazer com uma estrutura construída nos anos 50 e que não atende as necessidades de agentes, apenados e até mesmo da comunidade bento-gonçalvense, que vive às voltas com sirenes do Corpo de Bombeiros e o clima de tensão a cada revolta dos apenados.

Neste momento temos que torcer que o Governo do Estado não volte atrás em suas decisões e, novamente, não deixe os bento-gonçalvenses apenas com o sonho de ver o novo presídio sair do papel. A construção de uma nova casa prisional é fator preponderante para que a atual penitenciária seja demolida e dê lugar a um empreendimento imobiliário. É preciso virar esta página o mais rápido possível, para que não tenhamos que contar corpos queimados por uma tragédia, que insiste em nos assombrar seguidamente.

É preciso que nossas lideranças continuem com a cobrança próxima e insistente até que as obras realmente comecem. O trabalho feito recentemente parece ter surtido efeito, mas não é suficiente. Precisamos todos continuar vigilantes e atentos a todos os passos deste processo lento e moroso que é a construção do nono presídio. Somente com perseverança veremos esta obra, finalmente, sair do papel.