O discurso que predomina entre os prefeitos eleitos na região é o de reduzir a máquina pública e de priorizar somente as áreas consideradas essenciais, como saúde, educação e segurança. Essa tendência acompanha os cortes no orçamento praticados pelo governo do Estado, com a extinção de secretarias, fundações e demissão de servidores. Além disso, em nível federal, o governo Michel Temer (PMDB) buscou a aprovação do Projeto de Emenda Constitucional (PEC), que limita os investimentos em saúde e educação e pleiteia privatizações, tendo em vista reduzir os gastos públicos. 

O cenário de recessão acaba por refletir diretamente nos municípios. Para o presidente da Associação dos municípios da encosta superior do nordeste (Amesne), Ricardo Bidese, os gestores eleitos precisam se adaptar a administrar com menos recursos, já que houve uma redução significativa de repasses de outras esferas. Ele observa que os cortes orçamentários podem trazer problemas para o atendimento à população. “O cobertor é curto. É um problema quando começa a tirar dinheiro de um lugar para colocar no outro”, diz.  Na opinião do presidente, os novos administradores foram eleitos para administrar com a crise e ao mesmo tempo entregar o que a população pede. “É o momento de ser mais gestor e menos político”, pontua. 

Bidese ainda aconselha os gestores a “não se meterem onde não são chamados” como forma de não investir em áreas que são de responsabilidade do Estado ou da União. “Segurança não é função do municipio, por exemplo. Isso complica lá na frente. Acho que a gente fala as coisas para agradar e acaba se complicando”, afirma. Ele ainda diz que nos períodos de bonança econômica, era comum que as prefeituras investissem recursos em áreas que não eram de sua responsabilidade, mas que a conjuntura econômica atual não permite tal prática.

Além disso, Bidese diz que os gestores precisam definir metas sobre como e para onde os recursos serão destinados. “Não adianta querer fazer um pouco de tudo e não completar nada. Por isso é necessário definir objetivos. O cenário é de aumento de despesas e diminuição de receitas e não podemos gastar mais do que recebemos”, comenta.

O presidente ainda diz que as prioridades dos municípios maiores são diferentes dos municípios pequenos, visto que apresentam menos problemas com violência. “Entendemos que os eleitores das cidades maiores pedem investimento em segurança. No interior, o pessoal quer saúde e educação. Estamos conseguindo entregar isso para a população.”, afirma.

 

“Vamos iniciar os trabalhos com o enxugamento da máquina pública, com a redução do número de Cargos em Comissão, sem prejudicar o andamento dos trabalhos. Queremos atuar no tripé do que chamamos de “estado necessário”, atendendo os anseios da população, dando mais atenção e suporte nas áreas da saúde, da educação e da segurança, sem desmerecer as outras áreas”. 

Guilherme Pasin (PP), prefeito de Bento Gonçalves

 

 

“Nós estamos enxugando ao máximo para reduzir custos com tudo que é possível. Além disso, pretendemos ter uma administração jovem, com uma série de projetos para captar recursos em outras esferas, já que a receita do município é insuficiente para atender nossas demandas.Vamos, também, investir fortemente no turismo por meio de lei de incentivo e de um trabalho em sintonia com a agroindústria”. 

Adenir José Dallé (PMDB) , prefeito de Monte Belo do Sul

 

“Em educação pretendemos manter o que temos e melhorar em alguns pontos e, na saúde, vamos ter que avançar na construção do Posto. Pretendemos investir também em infraestrutura, em calçamento e asfaltamento. Para reduzir custos, diminuímos de sete para cinco secretarias, sendo que o vice-prefeito também é secretário. Nossa administração vai ser bem enxuta, apenas com o mínimo possível para que o município funcione, já que estamos atravessando uma fase difícil”. 

Hadair Ferrari (PMDB), prefeito de Pinto Bandeira

 

“Nosso objetivo é manter e aprimorar os projetos já existentes, ir em busca de verbas, para novos projetos serem executados, vários já estão sendo estudados, faremos o máximo que pudermos. Temos uma boa abertura com o Governo Estadual e Federal, vontade de fazer é o que não nos falta”.

Gilnei Fior (PMDB), prefeito de Santa Tereza

Leia mais na edição impressa do Jornal Semanário desta quarta-feira, dia 4.