Reajuste da Conab aumenta 11,96%, mas valor ainda está defasado se comparado ao preço fixo de R$ 1,39, calculado pelo Dieese

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) fixou o preço mínimo da uva em R$ 1,03. Isso representa aumento de 11,96% com relação ao preço atual de R$ 0,93 e uma defasagem de 25,9% se comparado ao custo de produção fixo, definido em pesquisa pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), de R$ 1,39. Com relação ao custo variável, a diferença foi de apenas R$ 0,03.
A informação ainda não foi publicada oficialmente no Diário Oficial da União (DOU), mas o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais da região, Cedenir Postal, confirmou o reajuste. Segundo ele, o aumento representa uma conquista para os produtores, na medida em que as indústrias queriam um reajuste baseado apenas no índice da inflação. “Foi uma vitória da Comissão Interestadual da Uva, dos sindicatos e toda categoria acaba ganhando”, comenta.
De acordo com avaliação de Postal, o aumento percentual de 11,96% foi considerável se comparado aos aumentos dos últimos anos. “Teve um reajuste de 18% no ano seguinte da safra de 2016”, avalia.
Na sua perspectiva, o mais justo seria reivindicar o preço mínimo com base no custo fixo de produção levantado pelo Dieese. “Isso é uma luta que tem que sentar com todo o setor para negociar. Nós temos que ver as dificuldades. As indústrias não queriam nem reajuste, por isso, no cenário que se encontra, foi uma grande vitória”, analisa.
O custo fixo, além do variável, leva em conta fatores como implementação do parreiral e gastos relacionados. No momento, a perspectiva de Postal é de que não haja mais temporais até a colheita.

Pesquisa de custo de produção

A metodologia do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) se baseia em um modelo que antigamente era utilizado pela Comissão de Financiamento de Produção, do Governo Federal. Ele considera seis grandes itens para chegar ao custo de produção fixo de R$ 1,39 ao quilo.
No estudo leva-se em conta uma amostragem de 420 famílias, distribuídas entre os principais municípios produtores de uva no estado. Os dados são colhidos por meio de questionários enviados às propriedades. Também são considerados os preços dos insumos no mercado. O valor final é separado entre custo fixo e custo variável.
O documento é apresentado todos os anos para os sindicatos da região, que podem utilizar os dados para negociar com a indústria ou reivindicar aumento do preço mínimo ao Governo Federal. Os agricultores podem ter acesso integral ao cálculo de custo de produção no Sindicato dos Trabalhadores Rurais, no bairro São Francisco.