Em Bento Gonçalves, valor preocupa corretoras de seguro e motoristas
Ao renovar o seguro do veículo, a população está confusa com o aumento dos preços. Em média, os valores desse setor subiram 34% no estado, desde os últimos 12 meses. Os dados são do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial de inflação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Com previsão de novo aumento para breve, tudo vai depender dos balanços das seguradoras e do futuro cenário da economia. O Sindicato das Seguradoras do Estado (Sindseg-RS) informou, por meio de nota, que não realiza acompanhamento de preços do seguro no estado porque cada seguradora tem sua fórmula de cálculo e a cotação é influenciada por fatores como modelo do carro e perfil do motorista. A entidade avalia que, além da valorização dos veículos, a alteração nos preços do seguro também pode ocorrer diante de alguns acontecimentos, como o peso no aumento do valor de reparos. “Além da inflação, a Tabela Fipe apresentou valorização de 23% nos últimos 12 meses. Outro ponto que impacta no preço final é o valor das equipamentos e da mão de obra para reparação. Em média, as peças tiveram 16% de aumento em um ano. Soma-se a isso uma sinistralidade em patamares superiores à de março de 2020”, destaca o Sindseg-RS.
O presidente do Sindicato dos Corretores de Seguros do Estado do Rio Grande do Sul (Sincor-RS), André Thozeski, comenta que é importante manter o seguro, apesar do aumento de valor. “É fundamental que fique claro para o cidadão consumidor que seguro é uma coisa muito séria. É feito só com uma seguradora legalmente constituída, fiscalizada pela Susep, auditada, que tem um compromisso legal com o consumidor”, fala.
Thozeski afirma que a formação do valor da apólice de seguro leva em conta muitas informações. “Como o custo médio de reparação de determinado modelo de veículo, região e frequência média dos furtos e roubos”, ressalta.
Em Bento não é diferente, estando no mesmo patamar de todo Brasil, com aumentos significativos no custo do seguro, tanto no automóvel como empresarial, residencial e demais ramos. Segundo o sócio-diretor da Schuster Seguros, Mauricio Schuster, o aumento aconteceu, basicamente, devido à subida no preço da FIPE (valor médio dos veículos usados e novos) e a inflação, na qual subiu o custo de todos prestadores de serviços para as seguradoras como guinchos, oficinas mecânicas, entre outros. “Vale a pena salientar que o grande vilão para isso, também foi o custo médio do sinistro que subiu em torno de 40% no último ano devido ao preço das peças, exemplificando isso, uma batida entre dois veículos que custava para seguradora R$10 mil para arrumar, hoje custa na casa de R$14 mil”, revela.
Referente a novos aumentos e sobre uma possível estabilização dos preços, Schuster disse que depende muito, pois não se sabe como será o cenário macroeconômico para os próximos meses. “Como a inflação, é indefinido os custos das peças e qual rumo tomará o valor dos veículos usados e novos, o que impacta muito no valor do seguro. Nos dois últimos meses a FIPE se manteve estável, sem grandes aumentos, o que é bom para estabilizar o custo do seguro”, comenta.
Ao ser questionado sobre o impacto que isso traz para a corretora, ele diz que a procura diária para novos negócios em seguros continua, mas há diferenças. “O que notamos é que a taxa de conversão para seguros novos tem caído devido ao custo elevado. Referente as renovações, estamos conseguindo manter os clientes com uma taxa de 94% da carteira devido as nossas condições comerciais e de atendimento diferenciados no mercado”, finaliza.
O corretor da 2R Corretora de Seguros, Rafael Antonio Coghetto, informa que certos modelos tiveram reajustes acima de 34%. Além disso, ele conta que o aumento foi por causa da normalização da pandemia. “Aumentou-se a sinistralidade e as peças automotivas, que além de estarem em falta no mercado, tiveram seus valores praticamente triplicados e a assistência 24 horas, como o guincho e outros equipamentos, tiveram seus valores reajustados devido ao aumento do combustível, entre outros fatores”, afirma.
A alta no valor do seguro é somente um dos problemas que os proprietários de veículos vêm enfrentando. Comprar seu automóvel e manter a manutenção também são desafios e sobem muito acima da inflação.
Para a vendedora externa, Nair Pereira, o pagamento é só no final do ano e o aumento poderá ser significante. Apesar disso, continuará com o seguro. “Tenho desde os anos 1990, após uma tentativa de furto de meu antigo carro. Em 2021 paguei em torno de R$1.200,00 e, no fim deste ano, o valor tende a ser bem maior,” acrescenta.