A minha estreia no Caderno S, coluna social de suma importância para a comunidade bento-gonçalvense, me faz muito honrada. Uma bonificação dada por ninguém menos que eu mesma, Chefia vai ficar sabendo hoje.
Estar aqui junto da sociedade faz querer que vocês me conheçam um pouco mais. Podia ser uma coluna de puro esmero, para que eu debutasse com finura, mas o título já demonstra que aqui a gente escreve em letras ‘garrafais’ a que veio.
Não é segredo que eu não entendo de vários assuntos – aliás, até acho um pouco normal. Por isso não escrevo sobre economia ou política, porque seria um insulto aos colegas profissionais e também aos metidos de plantão. Me basto a falar sobre comportamento e contar uns ‘causos’ que acontecem por aí, com uma pitada de humor negro e uma incrível fé uma humanidade (nem sempre).
Não se preocupe se também não tem opinião sobre alguma coisa porque desconhece o assunto, a não ser que você tenha sido convidado para comentar o Oscar.
Absurdos à parte, como todo mundo mudamos de planos, sonhos e ideias a todo instante. A enxurrada de informações, a facilidade da pesquisa faz com que pensemos sobre a mesma coisa diversas vezes. Procuramos verdades e descobrimos fake News. Mudamos de ideia, de crença e de lado. É normal e é saudável que a gente busque sempre o que nos complete, o que combine, o que faz sentido. Mas o momento é de botar a boca no trombone mesmo, escolher nossos políticos – escolher é uma palavra forte, mas…adiante. Falar sobre o que achamos errado e não ter vergonha disso. Estamos aí para sermos julgados mesmo.
Nesse modismo, ficar calado é um insulto. Falar sobre qualquer coisa e tomar partido é o mínimo que se pode fazer. Todo o mundo fala sobre política, astrologia, nutrição, a origem da vida. Somos obrigados a ter opinião e escolher de que lado estamos, como se vivêssemos um constante campeonato. Na verdade ter opinião não é o problema, o problema é ter que ouvir ou ler um mix de asneiras de quem não entende do que está falando. É não conseguir ter uma conversa decente porque NÃO EXISTE CONTEÚDO. É um insulto sem fim, não tem debate, não tem entendimento, porque ninguém está disposto a entender as outras versões, muito menos ter respeito pelo que o outro pensa.
Nas redes sociais, chega a ser pré-histórico. Consigo ver os dentes cerrados e a gritaria desorganizadas dentro de cada comentário, dentro de cada vergonha postada só porque “a página é minha”. Mas, exatamente porque a “página é sua”, só tenho duas observações a fazer. A primeira é que opinião não precisa ser distribuída por aí para quem não perguntou. A segunda, é que é melhor “não ser capaz de opinar” do que me fazer passar vergonha alheia.

Quando ser narrador de fatos amador der algum dinheiro, me avisa. Até lá, continua “militando” de graça enquanto o próprio umbigo apodrece.