Enquanto casos são registrados em diversos bairros, veterinários observam aumento da incidência da virose, que pode matar cães, nas consultas
A incidência de cinomose entre os cães de Bento Gonçalves apresentou um aumento considerável neste primeiro semestre de 2018. A ONG Sou um Grãozinho de Areia denunciou um possível surto da doença, na medida em que casos começaram a aparecer em pelo menos quatro bairros do município. A maioria dos veterinários ouvidos pelo Semanário confirmam que há um aumento no número de pets infectados e que os donos de cachorros não vacinados precisam ter cuidado e fazer a aplicação.
Um dos motivos pontuados para o crescimento recente no número de registros está no frio. De acordo com especialistas, a doença se desenvolve mais nas temperaturas baixas, o que resulta em muitos cães atingidos pelos malecífios. Por outro lado, alguns profissionais observam que o número de casos cresceu mais do que o normal para a época do ano.
De acordo com a representante da ONG Sou um Grãozinho de Areia, Márcia Manuel, a doença está se espalhando por vários bairros: Ouro Verde, Progresso e Zatt já registram oito casos em menos de quatro meses. “Esse é um problema grave, porque como ele está se alastrando a gente vai ver muitos animais em sofrimento, sem serem tratados”, considera.
Sobre os cachorros de rua, Márcia aponta que terão de vencer a doença sozinhos, visto que não há acompanhamento profissional. “O Poder Público não caracteriza como surto, porque não é uma zoonose. A doença só é transmitida de animal para animal”, avalia. A chance dos animais atingidos de sobreviver, quando a doença for detectada em estágio avançado, é muito baixa.
Mais casos do que o normal
Dos cinco médicos veterinários consultados pelo Semanário e que atendem em Bento Gonçalves, quatro deles identificam uma incidência maior da cinomose nos últimos meses. A causa apontada pela maioria é o número reduzido de pessoas que fizeram as vacinas adequadamente.
Segundo a veterinária Luana Azzolini, mais casos começaram a aparecer a partir do início do ano. “Eu diria que pode ser considerado um surto, sim. Nosso maior problema ainda é a falta de vacinação. Por questões econômicas ou pela desinformação, as pessoas não têm vacinado ”, avalia
Conforme a veterinária Dafni Nicolaou, a clínica onde atua está cheia de casos de cimonose, sendo pelo menos 10 somente neste mês. “Por isso aconselhamos fazer a vacina. Até que o cachorro não estiver imune, recomendamos não levar passear na rua e nem tomar banho em pet shops, porque tem outros que não sabemos se estão vacinados ou não”, orienta.
Na perspectiva da veterinária Viviane Flamia, sempre há mais registros de manifestação da doença no inverno. “Eu recebo muitos animais com a vacinação adequada, mas provavelmente veterinários localizados em bairros mais pobres vão atender um número maior de viroses do que aqueles localizados em bairros de gente rica”, compara.