*Por Marijane Paese

Tudo o que vivemos, hoje, é consequência dos caminhos que foram trilhados no passado – decisões tomadas que nos impactam de forma direta, positiva ou negativamente. Isso não significa que devamos adotar um discurso vitimista, nos colocando na condição de reféns da situação, fadados a suportar as circunstâncias. Essa reflexão é, sobretudo, um alerta para nossa responsabilidade com relação ao futuro.

O Conselho Municipal para Estudos, Diretrizes e Projetos Bento+20 foi criado, justamente, tendo esse como um dos propósitos de sua atuação: construir, hoje, o dia de amanhã, em um compromisso social altruísta e legítimo, verdadeiramente preocupado em gerar condições para o desenvolvimento sustentável do município, sedimentando sua prosperidade e o bem-estar da comunidade. A relevância desse tipo de iniciativa está, sobretudo, em sua proposta de continuidade – que é diferente de continuísmo – ou seja, de colocar em andamento um trabalho sequencial, em que cada um agrega sua contribuição, sem a necessidade de desmerecer ou desconstruir aquilo que foi feito pelo outro. Esse é, talvez, um dos sinais mais claros de maturidade social: o envolvimento de todos os elos (poderes públicos, as entidades representativas, a iniciativa privada e a sociedade) em uma construção colaborativa.

Essa teia de compromisso com o futuro é um legado de valor imensurável que estamos deixando para as próximas gerações – afinal, as vaidades desaparecerão com o tempo, mas aquilo que foi construído sobre bases sólidas, fundamentadas pelo propósito do bem comum, permanecerá.

Cabe às lideranças um frequente exercício de desprendimento, no intuito de reconhecer a positividade das contribuições do outro e expandi-las. Para imprimirmos a marca de nossas realizações, não precisamos desconstruir aquilo que foi construído por nossos antecessores – muito pelo contrário. É muito mais estratégico e eficiente que nos valhamos dos acertos já consolidados para focar nosso talento na superação de outros objetivos, avançando em conquistas inéditas. É com essa visão do todo que seremos, verdadeiramente, desenvolvidos.

*Marijane é presidente do CIC-BG