Durante o mês de setembro, o amarelo tomou conta de diversos lugares. Edifícios, avatares nas redes sociais, ruas, sites e cartazes usaram a cor para chamar atenção sobre a campanha do Setembro Amarelo, de prevenção do suicídio. Uma iniciativa necessária em defesa da vida. Mas, e quando chega outubro?

Infelizmente, a realidade continua durante todos os dias do ano. No mundo todo, uma pessoa tira sua própria vida a cada 40 segundos. No Brasil, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a taxa de suicídios a cada 100 mil habitantes aumentou 7%, enquanto o índice global teve queda de 9,8%, de 2010 a 2016. A entidade revelou ainda que essa é a quarta principal causa de morte entre adolescentes e jovens.

Números que refletem a urgência de discutirmos o tema de forma permanente. Não podemos apenas lembrar disso durante um mês e, depois, agir de forma reativa, quando alguém próximo ou de grande expressão atenta contra a própria vida. Sociedade, profissionais da saúde, da assistência social e do poder público precisam atuar em planos de prevenção, conscientização e fortalecimento de redes de amparo.
As ideações suicidas não escolhem momento para surgir. Acometem indivíduos de todas as idades, gêneros, classes e cores. Há sinais que precisam ser observados pelos familiares e conhecidos. Quando a pessoa fala em morrer, em não continuar. Quando há isolamento social, desinteresse pelas atividades diárias, mudanças no sono e na alimentação.

Alertas que exigem de nós uma postura acolhedora: carinho, cuidado, conversas, sem julgamentos. É preciso estar presente e aberto para ajudar. E buscar apoio da família, dos serviços de saúde mental, como os CAPS e o Centro de Valorização da Vida (CVV), que oferece atendimento gratuito 24 horas por dia, 7 dias por semana, pelo telefone 188.

Começa com cada um de nós a mudança dessa realidade. Precisamos, sim, falar sobre suicídio. Para que não tenhamos apenas setembro, mas 365 dias de conscientização. Um ano inteiro amarelo e com atenção à vida.

Kayane Zanini
Psicóloga