Inegavelmente, em Bento Gonçalves tudo é difícil. O prefeito Guilherme Pasin está vivendo momentos de extrema dificuldade, em se tratando de “fazer”. Pois é, como “fazer” alguma coisa numa cidade que não cresceu, INCHOU? Sim, Bento, ao longo do tempo, foi inchando, inchando e chegou ao seu limite já há algum tempo. E isso ocorreu em razão de mudanças absurdas nos sucessivos “planos diretores”.
As pessoas com um pouco mais idade devem lembrar quantos “canetaços” foram dados por aqui e que foram “permitindo” que os amigos e correligionários pudessem fazer obras que comprometeriam o futuro viário da cidade. Se alguém de fora do município andar por nossas ruas, principalmente as mais centrais, constatarão que muitas obras não poderiam ter sido construídas como foram. Os recuos inexistem, a infraestrutura de esgoto pluvial e cloacal é precaríssima, as calçadas são estreitas, enfim deixaram Bento Gonçalves inchar. As preocupações com o futuro foram praticamente inexistentes.
Muitas vezes afirmei – e repito – que Bento não teve prefeito, desde sua emancipação, que se preocupasse com as “próximas gerações”. Creio que José Mário Mônaco foi um dos raros que pensaram no amanhã da cidade, na medida em que construiu uma grande galeria de esgoto pluvial e cloacal na Rua Marechal Deodoro. Eis que, porém, a imprevidência de outros prefeitos já se faz sentir. Mesmo com essa galeria, a chuvarada que caiu sobre a cidade há poucos dias provocou alagamento no centro da cidade. O asfalto, colocado sobre paralelepípedos, impermeabilizou o solo e isso, aliado à falta de noção de muitos que jogam lixo no chão, provocando o entupimento de bueiros e bocas-de-lobo, causou o alagamento.
Muitas ruas ficaram estreitas, sem possibilidades de alargamento. Não se pensou no crescimento da cidade. Não se pensou que o centro se tornaria, efetivamente, o centro de tudo e que atrairia não só as pessoas; não se pensou que o número de veículos em circulação chegasse ao patamar atual; não se pensou uma Bento Gonçalves com 110 mil habitantes e com um poder aquisitivo acima da média; não se pensou uma Bento Gonçalves com tamanho potencial socioeconômico.
Eis que, agora, o Prefeito Pasin está numa sinuca de bico. É necessário fazer alguma coisa para reduzir o conflito trânsito/pedestre nas ruas centrais. Mas, como fazer isso sem poder aplicar o método utilizado pelo ex-prefeito Pepe Vargas, em Caxias, quando construiu várias perimetrais? Há um projeto viário pronto, mas ele causa polêmicas. Toda e qualquer mudança causa polêmicas, diga-se. O problema, porém, tem sua origem nas administrações que, ao longo de décadas, não pensaram a Bento Gonçalves do futuro. Ou estarei errado?