A segunda-feira marcou forte o povo brasileiro. O ministro da economia, Joaquim Levy (que a maioria dos petistas ainda não assimilou sua nomeação pela presidente Dilma, já que ele é umbilicalmente ligado ao PSDB, inimigo figadal deles), anunciou o que já foi chamado pelas oposições e pela mídia de “pacote de maldades”. Certamente as medidas anunciadas terão impacto nos índices inflacionários e não somente nos percentuais esperados pelo governo. O motivo, elementar, é que a ganância dos brasileiros é ilimitada. Aumentará bem mais (ainda não aumentaram, mas podem ter a certeza de que já muitos postos de combustível Brasil afora já o aplicaram ainda segunda-feira à noite) porque eles não se contentam em repassar os percentuais normais. Lembram do aumento dos combustíveis de novembro passado? Pois é, o aumento foi de 4% para as refinarias e deveria impactar em 2,8% nos postos, mas o que se viu foi beeeeemmmm diferente disso. Houve postos – sou testemunha ocular – na grande Porto Alegre que vendiam a R$ 2,53 e passaram para R$ 2,83, “módicos” 11,8% de aumento, portanto. Agora, com o retorno da cobrança da Contribuição sobre a Intervenção do Domínio Econômico – CIDE – (essa não antes de 90 dias, conforme prescreve a lei), do PIS e COFINS, sabe Deus em quanto isso impactará no bolso do consumidor. E há outros impostos que terão aumento, como o sobre importações (cuja alegação é “proteger a indústria nacional”), sobre cosméticos e sobre operações financeiras. Considerando-se que nunca houve redução nos preços quando impostos foram reduzidos ou zerados (exceção honrosa dos veículos), seria lícito esperar que quando eles retornem aos patamares anteriores não houvesse aumento no preço dos produtos. Mas, na verdade, não é o que ocorre na prática. Não entendi, porém, as razões da surpresa de muitos. Alegam (ingenuamente?) eles que “se isso tivesse sido anunciado antes das eleições” o resultado teria sido outro, ou seja, a Dilma não seria reeleita. Bidu! Quando algum político anunciou “maldades” ANTES das eleições? Os parlamentares federais e estaduais teriam sido eleitos se anunciassem o aumento salarial ANTES das eleições? E a aposentadoria deles, foi anunciada antes? Sarney anunciou o “Plano Cruzado II”, considerado “o maior estelionato eleitoral da história”, já que o PMDB elegeu todos os governadores de estados e a esmagadora maioria dos deputados, antes das eleições? fhc anunciou suas “maldades” que colocaram à beira do abismo o Plano Real, antes das eleições? E Collor, com o confisco da poupança e aplicações financeiras? E Lula? Não, obviamente NENHUM político no mundo – imaginem no Brasil – fez ou fará isso. A minha surpresa é, portanto, ver a surpresa de tanta gente. E ficarei ainda mais surpreso se os aumentos forem repassados nos percentuais adequados e não bem maiores, como sempre acontece.