Envelhecer com qualidade de vida, este é um dos maiores desafios para aqueles que buscam a longevidade como uma aliada. Pensando em benefícios para a saúde do corpo e da mente que um grupo de 20 moradores do bairro Santa Marta, em Bento Gonçalves, se reúne todas as quartas-feiras, a tarde, para se exercitar. A iniciativa acontece no Salão Comunitário da localidade e conta com uma profissional de fisioterapia que orienta as atividades e faz o acompanhamento de cada aluno.

Ao longo destes três anos que a ação é promovida, os participantes sentem na pele os benefícios do novo estilo adotado. Como é o caso de Volmar Calet, 68 anos, que integra o projeto desde o início, ele relata que com atividades físicas e novos hábitos alimentares, vem transformando diagnósticos em esperança. “Quando comecei estava com o diagnóstico de diabetes tipo 2. Cheguei a precisar fazer a canetas de insulina duas vezes ao mês, além dos diversos remédios que eu tomava para controlar o problema. Não era fácil”, disse. Calet ainda conta, emocionado, que na última semana recebeu um novo parecer médico: “fui diagnosticado como pré- diabético. É uma vitória. Uma conquista, fruto de uma mudança de vida”, enfatiza.

Outro que driblou os pareceres médicos para engatar uma nova realidade foi Carlos Soldi, 72 anos. “Cheguei aqui com dores nas costas, na coluna. Os diagnósticos não eram favoráveis: reumatismo. Hoje mudei. Não sinto mais dores. Desde que comecei a fazer as atividades constantes, todas as semanas, eu tive um ganho de disposição e qualidade de vida melhor, sem dor“.

Volmar Calet, 68 anos, que integra o projeto desde o início. Foto: Lorenzo Franchi.

De acordo com a fisioterapeuta que atua desde julho do ano passado com o grupo, Aline Pereira Santos, 26 anos, problemas de hipertensão, diabetes, dores musculares e nas articulações são as principais queixas de quem inicia no projeto. Para isto, ela relata que a metodologia de atividades é pensada em módulos. “O trabalho é desenvolvido com atividades de alongamento, reforço muscular e coordenação. Há um acompanhamento do quadro clínico e físico. Clínico com a unidade de saúde e físico por meio das aulas. Há um progresso significativo de quem participa ativamente”, pontua.

A iniciativa conta com o apoio da Secretaria de Saúde do município e da unidade de apoio às famílias. Além da gratuidade, ficam a disposição na unidade do bairro uma enfermeira, nutricionista, médica e psicóloga.

Além do bom tratamento, Volmar Calet também destaca que a boa relação de todos os integrantes, o respeito, a força de vontade e a família “são ótimos motivadores”. “Toda a minha família me apoia, todos pegam junto. Atividade física, readequação alimentar salva e melhora vidas. Minha mulher Melita, meus filhos Rosane e Rafael todos abraçam essa causa”, destaca.

Mudança e vida nova

Para quem quer começar esta mudança, Aline orienta: “o inicio é mais complicado. Há uma adequação do corpo para suportar a carga de exercícios novamente, readquirir a energia, a potência muscular. É uma mudança que vale a pena. Aqui eles podem socializar, conviver com outras pessoas e ter um ganho para a saúde, sem remédios e dor”.

Calet, que há anos assumiu a rotina diária de cuidados com a saúde afirma ter encontrado facilidades devido a paixão pelo esporte, em específico o futebol. “Sempre tive relação com o esporte desde criança, nas educações físicas e brincadeiras. Quando a gente cresce, começa a trabalhar deixamos um pouco de lado, mas quando possível praticava futebol, adoro o esporte”, destaca. Ele também associa a ausência de práticas ao “surgimento” da doença: “no momento que reduzi as atividades na minha vida, apareceu a doença”.

A iniciativa conta com uma fisioterapeuta que aplica atividades de alongamento, reforço muscular e coordenação a pessoas com idades entre 55 e 82 anos . Foto: Lorenzo Franchi.

Soldi, embora não tenha uma predileção esportiva, revela que as atividades em vinícola colhendo uvas no decorrer da vida lhe deram aptidão muscular, algo que foi perdendo com o passar do tempo. “Minha paixão é trabalhar com isto (uvas). Com a idade surgiram as dores e pouco a pouco a gente se afasta, deixa de atuar como gostaria”, ressalta.

Carlos Soldi, ressalta que voltou a trabalhar com disposição após ingressar no grupo. “Minha esposa Juraci que me acompanha quando pode sentiu a diferença. Enquanto puder vou continuar no grupo. Hoje trabalho, passo a safra sem dor e com mais energia”, observa.

Alimentação

Além da frequência nas atividades, a fisioterapeuta ressalta que o comprometimento e a adequação alimentar “são essenciais para os resultados positivos”. “A alimentação é complementar as ações, as práticas. Um corpo saudável é aquele que come bem. Frutas, verduras, carnes, carboidratos, tudo de maneira equilibrada. Esse casamento é crucial para uma boa qualidade de vida”, pontua a profissional de saúde, Aline Santos.

Sobre estes hábitos, Volmar Carlet, destaca que os reflexos de uma adequação na alimentação é “sentida pela família. Com a mudança de um, todos ganham. Desde pão, biscoitos, comidas num geral, tudo. Fazemos tudo pela saúde”, ressaltou ele.