Todo mundo está careca de saber que ponto de vista é a vista a partir de determinado ponto. Essa “vista” é a soma das vivências do indivíduo, de suas experiências, de suas convicções, da sua leitura do mundo, do universo de informações de que ele dispõe…, uma vista que pode mostrar apenas um lado das coisas. E, todo mundo sabe também que a vida é muito mais que um polígono de vários lados. Por isso é saudável a diversidade de opiniões e a discussão de ideias, desde que elas contribuam para reforçar ou corrigir certo ponto de vista. A história dos seis cegos e o elefante ilustra bem o caso. É mais ou menos assim:

Seis cegos queriam saber que bicho era o elefante. Então eles foram conduzidos até o circo e começaram a apalpar o paquiderme. Satisfeitos com sua “pesquisa”, sentaram-se para confabular sobre o assunto. O que tinha apalpado a barriga definiu o elefante com sendo uma grande panela. O que tinha apalpado a cauda argumentou que o elefante se parecia com uma vassoura. O que tinha apalpado a orelha afirmou que o elefante era como um grande leque aberto. O que tinha apalpado a tromba retrucou que o elefante tinha a forma de uma mangueira de água. O que tinha apalpado a perna, disse que ele era redondo como uma grande mangueira, mas que era duro como um poste. E o que tinha apalpado uma das presas, garantiu tratar-se de uma lança. Os cegos ficaram discutindo, gritando, se xingando, cada qual querendo impor sua verdade que derivara da própria percepção. Então o mestre – sempre há um mestre nas parábolas – explicou que todos estavam um pouco certos e um pouco errados, mas se cada um aceitasse a verdade do outro poderiam visualizar o elefante.

A historinha terminou, mas vou emendar noutra porque tem tudo a ver com a gritaria da discussão sobre a forma do elefante:
Um homem muito sábio levou seu filho para dar um passeio no bosque, para que ele pudesse escutar os ruídos da floresta. O rapaz ouviu desde o cantar dos pássaros até o farfalhar das folhas sendo levadas pelo vento. De repente, um ruído distante foi logo reconhecido pelo filho como sendo uma carroça. O pai então acrescentou que se tratava de uma carroça vazia. Surpreso, o filho perguntou como ele sabia disso sem mesmo vê-la. O pai respondeu que era muito fácil identificar por causa do ruído: quanto mais vazia, maior era o barulho.

Ninguém precisa ser carroça vazia. Ouvir o que os outros têm a dizer, além de educação, revela inteligência. Com a mente aberta, acontece a troca e, por conseguinte, a aprendizagem. A evolução da humanidade, em todos os sentidos, depende disso.