Como resultado da crise provocada pela pandemia, as indústrias moveleiras tiveram queda nominal de 2,9% no primeiro semestre do ano, em relação ao mesmo período de 2019

Os resultados do semestre para o polo moveleiro de Bento Gonçalves foram severamente impactados pela Covid-19, maior causa das dificuldades do setor em 2020. A indústria moveleira vem enfrentando queda de faturamento, reduzindo produção a geração de empregos face a uma demanda menor e os choques adversos de oferta e demanda gerados pela pandemia. O faturamento nominal no polo nesse primeiro semestre foi de R$ 826,59 milhões, queda nominal de 2,9% em relação ao mesmo período de 2019. Considerando o estado como um todo, o desempenho é ainda pior: faturamento de R$ 3,05 bilhões no semestre, queda nominal de 10,4% em relação ao mesmo período de 2019.

Enquanto março e abril foram os piores meses da história para a indústria moveleira de Bento Gonçalves, os meses de maio e junho mostram o início de uma leve recuperação. Segundo análise do departamento de Inteligência Comercial do Sindmóveis Bento Gonçalves, apesar das perdas acumuladas no semestre, o setor parece ter conseguido estancar a queda, especialmente em junho. A expectativa é de que os números sigam melhorando no segundo semestre, mas ainda fechem em terreno negativo no ano. Uma retomada mais consistente é esperada apenas em 2021.

Conforme o economista do Sindmóveis, Eduardo Santarossa, ainda há muitas incertezas em relação a capacidade de controle da pandemia – mesmo nos países desenvolvidos – e até quando os efeitos serão sentidos. Segundo ele, se confirmadas as previsões econômicas, o Brasil terminará o ano de 2020 com a maior queda do PIB de sua história. “Não se descarta o faturamento da indústria de Bento ficar estável em relação ao último semestre do ano passado, mas a depender de uma reação mais consistente da demanda interna e externa e a velocidade de retomada da economia”, analisa.

O presidente do Sindmóveis, Vinicius Benini, salienta que todos os segmentos industriais estão sentindo fortemente os impactos da crise. No entanto, a indústria moveleira brasileira tem sofrido mais do que a média geral da indústria de transformação brasileira. A queda na fabricação de móveis foi de 19% no primeiro semestre de 2020 quando comparada ao mesmo período de 2019, ao passo de que a fabricação da indústria de transformação caiu 11,9% na mesma comparação.

Segundo Benini, o setor também enfrenta dificuldades com o atraso na entrega de matérias-primas. Isso advém das medidas de isolamento que pararam produção e dificultaram a logística, aumentando o tempo para recebimento. Recentemente, diferentes segmentos de fornecimento estão comunicando seus aumentos de preço. “Os impactos advêm das restrições, medidas de isolamento e circulação de pessoas e a brusca queda da demanda causada pela recessão econômica. O setor reduziu sua produção e empregos para tentar se ajustar a nova situação, mas, nos meses de maio e junho, conseguiu melhorar os níveis de produção”, comenta.

O polo moveleiro de Bento Gonçalves é o principal do país e inclui cerca de 300 indústrias dos municípios de Bento Gonçalves, Monte Belo do Sul, Pinto Bandeira e Santa Tereza. Como entidade que representa essas empresas, o Sindmóveis segue trabalhando para o desenvolvimento do setor, embora enfrente um período adverso das piores crises econômicas da história. Entre as iniciativas que a entidade vem conduzindo, estão parcerias com empresas de e-commerce, incremento da presença digital para os associados e o seguimento de ações do Projeto Orchestra Brasil e Projeto Raiz (que fomentam as exportações). Além disso, apesar de adiada para 2022, a Movelsul Brasil promoverá ainda neste ano rodadas de negócio online para as empresas expositoras.

Fonte e foto: Sindmóveis