Percentual foi registrado nos primeiros seis meses deste ano, em comparação ao primeiro semestre de 2020

O município de Bento Gonçalves é referência para todo o país quando se fala em polo moveleiro. Daqui, são exportados itens para todo o mundo.

De acordo com dados do Comex Stat, o portal oficial de estatísticas de comércio exterior do Brasil, apurados pela Inteligência Comercial do Sindicato das Indústrias do Mobiliário de Bento Gonçalves (Sindmóveis) as exportações moveleiras reagiram positivamente em 2021, em comparação a 2020, que foi considerado o pior período da história para embarques de móveis. Se no ano passado o município exportou US$ 19 milhões, nos primeiros seis meses deste, as empresas locais exportaram US$ 34,4 milhões, contabilizando um aumento de 81,4%.

Os dados expõem, ainda, que o principal destino dos móveis produzidos no Brasil (em Bento ou no restante do país) vão para os Estados Unidos. Apesar de a Argentina não aparecer mais no ranking dos 10 maiores importadores de móveis, outros destinos da produção local são o Chile, Uruguai, Peru e Reino Unido.

Em relação ao Rio Grande do Sul, o primeiro semestre do ano também registrou números positivos, com US$ 137 milhões exportados, um aumento de 93,1%. A nível Brasil o crescimento chegou a 70,5%, contabilizando US$ 467,7 milhões.

O diretor Internacional do Sindmóveis, Cleberton Ferri, afirma que os principais motivos para a recuperação foram a maturidade exportadora para entender o momento e aproveitar as oportunidades (dólar alto, preços dos fretes da China muito caros), produtos adequados para Internet, clientes preparados para a venda na on-line, além do apoio da indústria a fim de desenvolver com agilidade novos produtos para conquistar fatias de mercado deixadas pelos chineses. Para o restante do ano, ainda não há uma projeção específica. “Entendemos que o crescimento vai permanecer. Mais do que oportunismo comercial, a presença da indústria moveleira no mercado externo é uma estratégia de competitividade e distribuição de risco. Quando as empresas se valem de uma estratégia coesa e permanente voltada às exportações, elas conseguem melhor se proteger das oscilações no mercado interno, ao mesmo tempo em que fazem frente à concorrência com estabelecimentos estrangeiros, que ocorre também em território nacional”, explica o diretor.

Ferri prevê que a alta do dólar deve fazer com que a trajetória positiva continue. Ademais, deve ser considerada a elevada demanda por mobiliário e expectativas de vacinação e controle da pandemia, que gerou o déficit do ano passado. “O setor moveleiro tem boas perspectivas para 2021 e nossa expectativa é de um crescimento de 4% em termos reais no cenário base. Essa trajetória, porém, não é suficiente para fazer frente às perdas. Espera-se que os patamares anteriores à pandemia não sejam retomados antes de 2022”, pondera.

O presidente da Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio Grande do Sul (Movergs), Rogério Francio, reitera que a trajetórica positiva deve continuar no mercado externo. “Se por um lado o custo de produção aumentou, tendo em vista o desabastecimento gerado pela pandemia, além do aumento do frete, por outro há o ganho cambial que permite compensar, mesmo que parcialmente, a escalada dos custos. Se pegarmos a cotação média diária do dólar no primeiro semestre de 2021, comparativamente a igual período de 2020, a cotação cresceu quase 10% e se a comparação for com 2019 o incremento médio neste ano é ainda mais expressivo, acima de 40%”, ressalta.

Setor moveleiro em Bento

O Sindmóveis destaca que o polo moveleiro de Bento é o principal do Brasil em número de empresas e peças produzidas, com cerca de 300 indústrias. Há também empresas nas cidades adjacentes como Monte Belo do Sul, Pinto Bandeira e Santa Tereza.

Para agregar ainda mais ao município, a entidade está trabalhando, atualmente, no chamado Projeto Comprador, e tem como mercado-alvo o Canadá.

Crescimento reflete em todo o país

Segundo a Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel), após uma série histórica de crescimento iniciada no começo do segundo semestre de 2020, o atual panorama moveleiro continua evoluindo positivamente e de forma considerável, ainda que com uma pequena desaceleração em junho. “De acordo com dados oficiais, houve um incremento de 23,7% no volume produzido pelas indústrias de móveis, no acumulado do primeiro semestre de 2021 em relação a igual período no ano passado. Ao analisamos o valor faturado, verificamos que entre janeiro e junho houve um crescimento de 28,2%, em comparação ao primeiro semestre do ano anterior. Já as exportações de móveis brasileiros, apresentaram um avanço ainda mais significativo, de 70,6%, em igual comparação, recuperando, assim, as quedas sofridas no primeiro semestre de 2020, em decorrência dos impactos dos lockdown”, afirma a presidente da entidade, Maristela Cusin Longhi.

De acordo com ela, tanto em relação ao mercado interno quanto ao externo, a previsão era uma redução intensa por conta da primeira onda da Covid-19, seguida por recuperação nos dois anos seguintes, o que vem se confirmando. “A expectativa para o fechamento de 2021 em relação a 2020, considerando os principais indicadores de mercado é de que a indústria moveleira experimente um aumento em torno de 8,5% na produção e um incremento de 51,4% nas exportações. A aceleração da vacinação vai ajudar muito este crescimento”, salienta.

A previsão para 2022, entretanto, ainda é incerta, pois, segundo ela, ainda é cedo para projetar números. “O que podemos afirmar é que o panorama atual aponta para estimativas positivas, de crescimento em quase todos os segmentos da indústria e da cadeia produtiva de madeira e móveis. O momento, no entanto, enseja gestão, planejamento, critérios rígidos de controle e inovação”, aponta.

Empregos na indústria moveleira

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a indústria moveleira é a 8ª cadeia produtiva que mais emprega no Brasil, além de ser uma das registraram maiores saldos positivos de vagas de trabalho nos primeiros meses de 2021, conforme indica o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, o Caged. “Segundo dados apresentados na última edição do relatório ‘Conjuntura de Móveis’, desenvolvido pelo IEMI (Inteligência de Mercado) para a Abimóvel, o crescimento do emprego na indústria moveleira entre janeiro e abril de 2021 – último mês de referência – foi de 3,6% na comparação com igual período em 2020. Um resultado que mantém o setor como referência na geração de postos de trabalho no país”, ressalta Maristela.

Foto: Divulgação/ Sindmóveis