Vem chegando o inverno e com ele o período de poda das árvores. Em Bento Gonçalves, desde 1983, há legislação pertinente ao assunto que dita regras para a realização dos trabalhos de poda das árvores. No entanto, muitos proprietários de espaços privados não seguem a lei existente, realizando o procedimento por conta própria e, muitas vezes, de maneira incorreta, ocasionando, em alguns casos, a morte da planta – problema que poderia ser evitado, caso fosse realizado pela equipe técnica da especializada da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Smmam).

Ecologistas afirmam que os meses de junho e julho são ideais para o processo. É nessa época em que elas entram em fase de dormência e, portanto, são menos prejudicadas. Conforme a lei, o corte irregular pode gerar multas aos moradores que variam de R$ 120, conforme a gravidade da infração. Além disso, reclamações que partem da população dão conta de que a prefeitura não disponibiliza funcionários suficientes para realizar o trabalho. A Smmam justifica que em muitos casos, as equipes estão nas ruas realizando o recolhimento de entulhos que não fazem parte do trabalho de poda das árvores, mas que são acionados por moradores.

Segundo dados da Secretaria, cerca de 450 solicitações com pedido do serviço de podas foram cadastradas e encaminhadas desde o início do ano na secretaria. Após o pedido legal, engenheiros florestais da pasta realizam a análise antes de ser atendido.

Um dos problemas apontados pelo secretário municipal do Meio Ambiente, Claudimiro Dias é a falta de sensibilidade, em relação ao entendimento do trabalho. Muitas pessoas acabam caracterizando a coleta de galhos como entulho, o que na opinião do secretário acabou criando uma visão deturpada e que demandou um maior número de máquinas e funcionários para realizarem o trabalho. “Infelizmente, muitas pessoas desconhecem ou até mesmo não buscam informações sobre como proceder com a poda e acabam fazendo por conta própria, prejudicando o desenvolvimento das plantas, além de ocasionar a diminuição da equipe aqui da Secretaria, pois temos que sair para recolher os entulhos, que envolvem, além daos galhos, geladeiras, tanques, pias, balcões, madeiras, entre outros. É importante que as pessoas se conscientizem”, afirma.

 

População poderia realizar podas

Para o secretário-geral da Associação Ativista Ecológica (Aaeco), Gilnei Rigotto, os proprietários dos terrenos e casas poderiam realizar a poda, de maneira consciente e responsável, sem solicitar a presença da Smmam, reduzindo assim, o custo para o município. No entanto, é preciso consciência ao realizar o procedimento, para que a planta não seja drasticamente cortada.

Rigotto salienta que, tanto as árvores plantadas no passeio público, quanto as dos pátios devem ser podadas de forma condutiva, que consiste na retirada dos galhos que estão atrapalhando. “Por exemplo, atrapalha o fluxo de carros, de pedestres, está sob os fios da energia elétrica. É somente isto, pois as árvores nativas ou exóticas não necessitam de poda. Quem necessita são as frutíferas”, salienta. Nas árvores que se encontram debaixo de rede de luz, conforme Rigotto, quem efetua a poda de condução é a concessionária RGE, e é feita em forma de ‘V’.

Dias discorda da posição do secretário geral da Aaeco. Para ele, sem a ciência e autorização da Smmam, haveria um descontrole ainda maior acerca do trabalho. “Nos casos que a Comissão de Arborização Urbana julgar necessário, após solicitação de autorização pelo munícipe junto à Secretaria, poderá ser autorizada a intervenção por particulares. O procedimento ideal é a execução pela equipe da Smmam, devido a critérios técnicos adotados pela Secretaria.”, afirma.
Outro malefício que se origina do corte incorreto das árvores, segundo Rigotto, é o desequilíbrio causado na planta, entre a copa e absorção das raízes. Isto faz com que vários galhos nasçam desordenadamente para recompor a folhagem original.

Esse aspecto é confundido com vitalidade. “Essa reação é uma tentativa desesperada de sobrevivência da planta, pois dos galhos saem as flores e destas as sementes que garantem a manutenção da espécie. Além disso, a exposição do tronco aos fungos e demais parasitas causados pela poda, combinados com a falta de reserva energética, pode levar a planta à morte”, ressalta.

 

Soluções e denúncias

Conforme a lei municipal nº 2.298 de 1993, caso haja descumprimento da legislação vigente, o morador poderá ser multado. Em casos de podas incorretas, denúncias podem ser levadas à Smmam ou pelo telefone “Fala Cidadão” 0800-9796866.