As expectativas de recuperação da economia brasileira têm melhorado, mas ainda não será em 2017 que o país vai sair da crise. Pelo menos é o que garantem a maioria dos estudiosos. O economista Imerio Corbelini, salienta que a principal razão para este pessimismo é falta de credibilidade do Governo.

O Banco Central (BC) reduziu a projeção para o crescimento da economia no próximo ano e Corbelini salienta que se a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) é somente de 0,5% sobre um crescimento negativo na ordem de 3,4% em 2016, não há chances de esperança. “Esses números não são nada. É como rabo de cavalo que cresce para baixo. Particularmente não acredito nem nos 0,5% de crescimento, por que normalmente esta é uma previsão muito otimista e normalmente o resultado fica abaixo do previsto. Para este ano de 2016 era previsto um crescimento do PIB, na ordem de 2,5%, atingimos 3,4% negativo. Como acreditar que vamos crescer em 2017?”, questiona o economista.

A instabilidade e a falta de confiança na gestão atual da União é o que causa ansiedade tanto em empresários quanto na população, garante Corbelini. “Como vamos projetar nosso futuro, se quem nos governa não se entende? Se não temos comando. Se não nos inspiram confiança como vamos gerar empregos? Como vamos gerar Renda? Não investindo a situação não muda. Não haverá crescimento. Com isso a roda da miséria, continua girando no sentido anti-horário”, observa.

Para exemplificar, o economista utiliza a Fórmula 1 como analogia. “É como um carro de corrida, na reta da largada, num autódromo de alta velocidade. Carros parados, com os motores ligados em alto giro, luzes vermelhas. Quando acende a luz verde atingem 350km/h em menos de um minuto. A Economia do Brasil está na reta de largada com a luz vermelha acessa. Espera o acendimento da luz verde. O problema é que não temos quem acende a luz verde. Precisamos de alguém que nos governe, que acenda a luz verde. Hoje não temos ninguém. O atual presidente até se esforça, porém está sem forças”, diz.

Macro e microeconomia

O governo federal divulgou na quinta-feira, 15, um pacote de medidas econômicas que tratam desde de dívidas de pessoas físicas e jurídicas com o fisco até a flexibilização das regras de pagamento para compras. Corbelini garante que o país foi pego de surpresa com tais mediddas. “Sabemos que para alavancar o crescimento devemos ativar as variáveis macro econômicas investindo nestas variáveis: emprego, salários, crédito, consumo e poupança. Entretanto, liberar o FGTS inativo, para pagar dívidas, vai estimular o que? Estamos sendo enganados. É este conjunto de fatos e ações que nos levam ao pessimismo. O Sentimento de engano, me revolta, pois os leigos não entende a linguagem técnica da economia e nossos governantes a usam, para criar falsas expectativas”, destaca.

O Brasil têm atualmente mais de 12 milhões de desempregados e para reverter esse quadro é necessário que a economia cresça 3% ao ano, durante cinco anos. “Vale lembrar que a perspectiva é de 0,5% para 2017. Podemos dizer que estamos quase chegando ao fundo do poço. Microeconomia é enganação, com ela não conseguimos gerar o principal: empregos”, frisa Corbelini.
O economista garante que os empresários são os que sofrem, pois precisam usar da inteligência e da criatividade para manter as empresas em atividade. Mas, segundo Corbelini, muitos estão pensando se irão continuar com seu negócio ou se vão fechar as portas. “É uma triste realidade e que, por muitas vezes, somente sermos otimistas não resolve e não faz o empreedimento voltar ao que era antes”, finaliza.

Palavra do economista:

A pergunta, que nos é feita diariament: “Como vai ser 2017?”. A resposta é bem objetiva: “DIFÍCIL E CONTURBADO”. Por mais otimista que eu seja e quem me conhece sabe que sou um por natureza, não consigo ver perspectivas para o próximo ano. Cada um de nós vamos procurar fazer a nossa parte. Por exemplo pessoas físicas: gastar de acordo com o que recebe. Poupar! Investir com segurança, assumir compromissos financeiros de médio-longo prazo, só em caso de extrema necessidade e com um perfeito planejamento e com boa dose de segurança. Para Estados e Municípios: Ajustar suas contas, sem levar em conta as questões políticas. Governo Federal: aprovar o ajuste fiscal. Nós teremos dias, meses e anos de estrema dificuldade pela frente. Não se iludam com os que dizem: ‘o ano de 2017 será da retomada.’ Não será! E 2018, será igual 2017, pois é ano de eleição presidencial e dificilmente apresenta crescimento econômico, pois gera a expectativa de quem será o próximo Presidente. Quem serão os candidatos à presidência? Quem escapará da Lava Jato? Estas incertezas e estas dúvidas, nós levam a um clima de pessimismo, sem ânimo para investir e sem investimento não haverá crescimento e reverssão de expectativas. Imerio Corbelini, economista.

Leia mais na edição impressa do Jornal Semanário de sábado, 31 de dezembro de 2016.