Moradores se unem para cobrar melhorias na região e lutam para encerrar a fama de ser um local apenas violento

Pessoas que lutam por uma vida melhor e ao mesmo tempo tentam acabar com o rótulo de serem desocupados e ligados a crimes e contravenções. Esta não é apenas a busca como também o desejo de grande parte dos moradores do bairro municipal, em Bento Gonçalves.

O casal André Lima Dicksen e Vera Rodrigues Dicksen moram no Municipal há 17 anos e resumem o que representa o local. “É um bairro onde o respeito impera entre todas as pessoas, incluindo aquelas que podem ser consideradas de uma índole duvidosa para alguns. Aqui se tem confiança e muita luta. É um lugar de trabalhadores e pessoas sérias. Nós amamos muito morar aqui”, valoriza.

A aposentada Geni Maria dos Santos, que mora no local há mais de duas décadas, fala sobre o Municipal. “A grande maioria é formada por pessoas sérias, que se respeitam acima de tudo. O municipal está longe de ser ruim. É a nossa casa, onde colocamos o trabalho. Gosto de viver aqui”, acrescenta.

O autônomo Paulo Fagundes adota a mesma linha de raciocínio dos demais moradores. “Nós escolhemos o Municipal e não o contrário. Gostamos muito de estar aqui. Grande parte das pessoas são do bem”, frisa.

Investimentos públicos

Durante a visita do Semanário, todos os moradores destacaram que o bairro, nos últimos anos, recebeu investimentos oriundos do Poder Público de Bento Gonçalves. Entre algumas melhorias levadas até a localidade estão a Unidade de Saúde Básica (UBS), a Escola Ulysses de Gasperi e mais recente, a inauguração do Centro de Atendimento à Criança e ao Adolescente (Ceacri).

Para os Dicksen, a inauguração do Centro atende a uma antiga reivindicação dos moradores do bairro para a educação. “Demorou muitos anos para ser concluído, vimos muitas das nossas crianças indo estudar em outros lugares da cidade. Pedimos e insistimos muito para que fosse concluído. Até cuidamos para que nada acontecesse durante o período de construção. Agora, vendo isso terminado, dá uma alegria muito grande em todos nós do bairro”, garante.

O Ceacri oferece uma série de oficinas para crianças, jovens e adultos. Além disso, o espaço conta com um parque de recreação, uma quadra esportiva e uma cancha de areia. De acordo com os moradores, o local recebe diariamente muitas pessoas e se tornou uma alternativa para todos do bairro.

Para os Dicksen, a abertura do Ceacri faz com que o bairro, como um todo, avance. “Antes se tinha um pensamento que o Municipal era um bairro ruim, algo perigoso. Agora, com o Ceacri podemos mostrar que será um lugar que pode ser investido cada vez mais em todos os aspectos que tornem a vida de todos melhor”, completa.

Melhorias a serem atendidas

As ruas estreitas com desníveis no asfalto e alguns buracos no calçamento não são apenas para carros, motos ou bicicletas circularem, mas servem como pontos de encontro entre os pequenos comerciantes, moradores e crianças. Porém, essas mesmas ruas denotam uma preocupação por parte da comunidade.

O comerciante Tertuliano José Domingues sugere uma atenção especial por parte
do Poder Público, neste sentido. “Aqui, principalmente no período de noite, é bem perigoso, porque os carros descem com uma velocidade considerável. Um quebra-molas seria uma solução, temos crianças que estão no colégio ou na rua e se tornam vulneráveis”, indica.

Já outro morador, que preferiu não ter o nome revelado, perguntado sobre as necessidades do local, foi enfático. “Saneamento básico. Isso é algo que está em falta no nosso bairro e sabemos que esse assunto foi levado até a prefeitura. Não são todas as casas que possuem ligação para a rede de tratamento, isso é um problema que poderia ser facilmente resolvido.” sugestiona.

A segurança também é assunto comum entre os moradores. O bairro apresentou várias ações policiais de combate ao tráfico de drogas e alguns homicídios nos últimos anos. Situações que geram preocupação e que leva aos moradores a terem cautela e não divulgar seus nomes, mas apresentam ideias para tornar o bairro mais seguro. “Um posto policial no bairro ajudaria e muito a diminuir e inibir a ação de alguns poucos que chegam aqui para aprontar”, opina.

Outro residente do bairro completa a sugestão do posto policial. “As autoridades sabem quem são e onde estão essas pessoas que acabam atrapalhando os outros aqui no bairro. Se tiver um posto policial, duvido que vão aprontar”, analisa.

Para os Dicksen, além da segurança e do saneamento básico, o bairro precisa de mais uma melhoria. “Todo o bairro tem problemas, sabemos disso. Mas além do que os outros moradores citaram, acrescentamos a falta pavimentação de algumas ruas. Isso dificulta algumas pessoas pela precariedade. É claro que entre todas as prioridades, sempre gostaríamos de ter uma maior segurança”, observa.

Eventos para unir a comunidade

Com a chegada do Ceacri e um espaço amplo para lazer, muitos moradores entendem que um novo passo foi dado junto à comunidade.

Para aproveitar esse local, os moradores solicitam junto ao município que novos eventos sejam realizados. Fagundes e os Dicksen sugerem alguns temas parecidos. “Aproveitar o final do ano e trazer uma programação festiva que integre a comunidade seria ideal. E já que o Ceacri tem um grande espaço, promover palestras que nos informem sobre os assuntos do momento”, ponderam.

 

Foto: Guilherme Kalsing/ Jornal Semanário