Para enfrentar o inverno, o aconchego do calor de lareiras e fogões a lenha é uma prática comum em muitos lares. No entanto, a Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS) acende um sinal de alerta para pais e responsáveis: a fumaça proveniente desses equipamentos pode ser uma ameaça silenciosa e perigosa para a saúde respiratória de crianças, especialmente bebês e os pequenos. A exposição a essa fumaça, prevalente entre os meses de junho e setembro, não só agrava quadros respiratórios já existentes, mas também pode comprometer seriamente o desenvolvimento pulmonar infantil.
A pneumopediatra Priscilla Pozza Pellizzer alerta para os perigos da queima inadequada de combustíveis sólidos em fogões a lenha. Segundo a especialista, o principal componente liberado dentro das residências é o monóxido de carbono, um gás altamente tóxico. Além dele, outras substâncias nocivas, como o benzopireno, conhecido por ser cancerígeno, também são liberadas no ambiente. “As consequências desta exposição para a saúde dependem não apenas do nível da poluição, mas do tempo que os indivíduos passam respirando o ar poluído”, explica.
O que a fumaça pode ocasionar?
De acordo com Priscilla, as fumaças contêm partículas com substâncias químicas que, ao serem inaladas, podem provocar irritação e doenças respiratórias mais graves, como a asma. “A inalação frequente em crianças com diagnóstico de asma pode desencadear uma exacerbação importante, como tosse, chiado no peito, falta de ar, sendo esses sintomas graves e que precisam de busca imediata a atendimento de urgência. A poluição domiciliar é um fator de risco para desenvolver Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC)”, salienta a especialista.
Fumaça de fogão a lenha: um perigo real
Longe de ser apenas um incômodo, essa fumaça carrega consigo agentes tóxicos que, quando inaladas, podem trazer sérias consequências à saúde, especialmente para crianças e idosos. Entender os riscos associados à inalação desses gases é crucial para garantir um inverno seguro e saudável para todos. “A fumaça do fogão a lenha contém substâncias tóxicas semelhantes às do cigarro, podendo causar problemas respiratórios e outros problemas de saúde. A exposição prolongada à fumaça do fogão a lenha, especialmente sem ventilação adequada, pode ter efeitos semelhantes aos do tabagismo passivo, aumentando o risco de doenças respiratórias, cardiovasculares e até câncer”, alerta.
Alternativas para minimizar os danos com o uso de fogão a lenha, de acordo com a pneumopediatra:
- Modelos de fogão a lenha que produzem menos fumaça e queimam a lenha de forma mais eficiente, reduzindo a emissão de poluentes;
- Uma boa chaminé ou sistema de exaustão pode ajudar a remover a fumaça da cozinha, minimizando a exposição dos moradores;
- A substituição do fogão a lenha por opções mais limpas, como gás ou eletricidade, é uma solução eficaz para reduzir a exposição à fumaça;
• Utilizar umidificadores: “um excelente aliado para proporcionar um ambiente mais agradável, diminuindo secreção nasal, facilitando a respiração, principalmente em bebês que a via aérea é menor em relação aos adultos”, orienta;
• Utilizar purificadores de ar: promovendo a remoção de partículas de poeira, pólen e outros alérgenos do ar, os purificadores ajudam a reduzir a irritação das vias aéreas e a frequência das crises em crianças com asma.
No frio, a tendência é que fiquemos mais tempo com a casa fechada, o que evita a circulação adequada de ar e, consequentemente, a fumaça não tem onde sair. “A fumaça irrita a mucosa da criança e pode desencadear crise de broncoespasmo em crianças com doenças preexistentes”, pontua a médica.
Cuidados com aquecedores em creches e escolas
A preocupação em manter os ambientes quentinhos para as crianças em creches e escolas se intensifica. Aquecedores se tornam essenciais, mas é fundamental que seu uso seja feito com segurança e responsabilidade. Seja qual for o tipo de aquecedor, a gás, elétrico, a óleo ou mesmo lareiras e fogões a lenha em espaços específicos, a orientação e o cuidado são cruciais para prevenir acidentes e garantir a saúde respiratória dos pequenos. Esteja atento às melhores práticas para proporcionar um ambiente acolhedor e, acima de tudo, seguro para as crianças, como alerta Priscilla:
- Aquecedores a óleo: o termostato desliga sozinho, não produz queima, não resseca tanto o ar, ideal para ambientes com crianças;
- Aquecedores elétricos: aquecem rápido o ambiente e de forma potente, mais baratos que os a óleo. No entanto, alguns modelos podem ressecar o ar, emitir gases tóxicos (em casos de mau uso ou defeito) e exigem mais cuidados com segurança;
- Aquecedores a gás: aquecem rapidamente o ambiente, ideais para grandes espaços. No entanto, emitem gases de combustão (monóxido de carbono), exigem boa ventilação e instalação adequada para evitar riscos de intoxicação, sendo perigosos em ambientes fechados.