É inadmissível o que vem fazendo o governo estadual com as estradas da Serra Gaúcha. A impossibilidade do poder público de investir o necessário para assegurar condições de trafegabilidade nas estradas do Rio Grande do Sul e, mais do que isso, de fiscalizar com um mínimo de rigor o trabalho delegado a empreiteiras agrava de forma preocupante a situação enfrentada pelos usuários de maneira geral. Quem precisa viajar pelas estradas da região, seja por lazer ou a trabalho, coloca sua integridade física em risco diante da sinalização precária e das péssimas condições de pavimentação que, em alguns trechos, tornam as rodovias quase intransitáveis. Como se já não bastassem todos esses riscos, há um fator com potencial suficiente para causar ainda mais indignação: trechos recém-recapeados apresentam problemas.

O Crema/Serra, tão comemorado pelos agentes políticos, completa um ano e, até o momento, todos aguardam ansiosos por sua realização. Nossa região, mesmo sendo o motor que impulsiona a economia gaúcha, precisa sobreviver de operações tapa-buracos nas estradas. Rodovias como a RSC-470, RSC-453, sem falar na ERS-431 e ERS-444, precisam de recuperação imediata.

De toda a malha rodoviária gaúcha, apenas 58,7% ganhou o conceito ótimo ou bom no levantamento realizado no ano passado pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT). O restante está às voltas com problemas corriqueiros para os motoristas, forçados a correr riscos pessoais e a arcar com os custos aos veículos em consequência de desgastes na pavimentação, de ondulações ou mesmo de crateras de todos os tamanhos, de desgaste ou inexistência de pinturas de faixas ou de sinalização. A situação é menos desfavorável nos trechos concedidos, mas nem nesses os motoristas podem confiar plenamente.

Rodovias desgastadas aumentam os riscos para seres humanos e ampliam os custos para os consumidores, com impacto sobre o frete e, em consequência, sobre a inflação. A falta de recursos para investir em infraestrutura deixa o governo, até certo ponto, de mãos atadas. Muitas vezes, quer investir, mas não tem recursos. Ou, se tem recursos, esbarra na burocracia dos processos licitatórios e nas falhas dos projetos a serem executados. Mesmo com a pressão da opinião pública e dos protestos das comunidades, que têm fechado estradas pedindo melhorias, apenas medidas paliativas são tomadas para evitar que o pior aconteça.

Resta-nos, como população, torcer para que estradas importantes, como as da Serra, tenham sua recuperação abreviada. O bom uso dos recursos públicos passa também pela infraestrutura e se faz tão importante, quanto o investimento em saúde e educação. Precisamos continuar cobrando e reivindicando melhorias. Nossas lideranças regionais devem continuar buscando alternativas junto ao governo do estado. É necessário mostrar que estamos todos alertas e preocupados com a situação em que se encontram nossas estradas.