O secretário de Segurança Pública de Bento Gonçalves, José Paulo Marinho, avalia que as forças policiais “enxugam gelo” no combate ao crime organizado em Bento Gonçalves, na medida em que os presos são encaminhados para o Presídio, mas são soltos novamente. Segundo informações da administração do Presídio Estadual, desde quinta-feira, 13, a casa prisional recebeu 24 novos detentos e, desses, dois saíram em liberdade.

Segundo Marinho, a esperança é de que a situação esteja minimizada a partir de janeiro de 2019, com a construção do novo presídio. “Desejo que nós tenhamos condições de manter os presos. Eu entendo que há uma situação complicada pela questão do espaço e da superlotação, mas acredito que isso vai melhorar”, afirma.

Na perspectiva do secretário, o problema leva à sensação de impunidade, uma vez que os criminosos são presos e voltam às ruas para praticar novos delitos. Como solução imediata, ele sugere que os órgãos busquem vagas em outros presídios do Rio Grande do Sul. “Ou tentar criar um novo sistema de monitoramento. Certamente, se ele é preso e solto, vai retornar ao crime”, considera.

Ele afirma que foram tomadas medidas de polícia ostensiva e investigativa, para dar uma resposta à sociedade para a onda de homicídios no município. “Isso veio para tentar estancar a situação que está acontecendo por aqui. Mas a efetividade só vai ocorrer a partir do momento em que os detidos permaneçam presos. Caso contrário, ficaremos enxugando gelo”, declara.

Segundo o diretor do Presídio Estadual de Bento Gonçalves, Volnei Zago, a casa está superlotada e as recentes prisões agravam a situação. “Está superlotado e não tem muito o que possamos fazer”, avalia.

Os delegados da Polícia Civil no município relatam dificuldades em investigar tráfico e homicídio, porque traficantes intimidam possíveis testemunhas. A delegada Maria Isabel Zerman afirma que a maioria das vítimas tem ligação com a venda ilegal de entorpecentes. “O motivo das mortes é o acerto de contas e a demonstração de poder”, ressalta.

Para o delegado Alvaro Becker, a ajuda da população é fundamental para a Polícia Civil. “O sistema em si não funciona. Não adianta só cobrar da polícia, porque isso não resolve, temos que cobrar daqueles que têm poder de decisão”, argumenta.