Para que serve um vereador?

A Rede Bandeirantes de Televisão fez uma ampla reportagem, abordando o assunto “vereadores”, e tentando responder a essa pergunta. Pois bem, mesmo para quem já sabia da resposta a matéria causou espantos, sobressaltos, indignação e provocou aquele triste sentimento de absoluta “impotência”. Há no Brasil 5.570 municípios e o número de vereadores supera os 56.000. A reportagem mostrou município em que a arrecadação é insuficiente para PAGAR o custo da câmara de vereadores. Pode isso, Arnaldo?

E, mesmo assim, se multiplicam!

Para começar a TENTAR entender tais aberrações é preciso saber que centenas de minúsculos municípios, cuja arrecadação é tão minúscula quanto eles, só existem graças à politicagem de deputados estaduais e federais que, interessados tão somente em criar seus próprios feudos eleitorais, fizeram de tudo para que distritos e vilas se emancipassem. E não precisamos ir longe para constatar isso. Aqui, no Rio Grande do Sul, o número de municípios foi duplicado por obra e graça desses “exemplares” parlamentares. Se reproduziram como se tudo fosse fácil.

Bons tempos!

E pensar que houve um tempo em que ser vereador era uma HONRA. Não eram remunerados e as câmaras tinham um, dois ou três funcionários. Aqui, em Bento, tínhamos 21 vereadores NÃO REMUNERADOS e três funcionários. Ah, sim, e sobravam candidatos a vereador em cada eleição. Os vereadores eleitos pelos então distritos de Santa Tereza, Monte Belo e Pinto Bandeira, bem como de São Pedro, cumpriam seu compromisso de UMA SESSÃO POR SEMANA (como agora), e vinham com SEUS PRÓPRIOS CARROS, pagando suas despesas. E, acreditem, Bento Gonçalves cresceu muito nessa época.

O que mudou?

O que mudou foi a população, que reprimida por governos militares totalitários, época em que ficar de boca fechada e concordar com tudo era “ser inteligente” (ou servia para “preservar os dentes”, se bem me entendem), passou a aceitar tudo calada, omissa, resignada, inerte, pacifica, sem saber se ainda tinha ou não direitos. Aí, com a Constituição “lixo” de 1988 (e constato que já não sou um dos poucos que pensa assim), o “mui leal e valoroso” Congresso Nacional inventou uma “ditadura parlamentar” disfarçada.

Progressão geométrica

Foi um “abraço”! As emancipações passaram a ser feitas “moda diabo”, vereadores se multiplicaram em progressão quase geométrica. Bento, por exemplo, com as emancipações, passou a ter 44 vereadores (17 aqui, e mais 27 nos três municípios criados). Com isso, centenas de funcionários passaram a onerar os municípios. Não foi difícil para a TV Band constatar os absurdos que se proliferaram pelo Brasil inteiro. Mas, a pergunta que não quer calar é: O BRASIL E SEU POVO precisam, mesmo de vereadores? Tantos assim? E de parlamentares de todos os demais níveis?

Vereadores voluntários

Se fizerem a pergunta que não quer calar ao povo brasileiro, com certeza absoluta a resposta será um sonoro NÃO! Se cada um dos Conselhos Municipais indicasse UM representante para exercer o cargo de vereador, por exemplo, SEM REMUNERAÇÃO, certamente não faltariam voluntários. Já enviei esta sugestão há muitos anos para o Congresso Nacional, sabendo que os honoráveis deputados e senadores não abririam mão de seus principais cabos eleitorais.

Fato novo

Esta semana a notícia que explodiu em todo o Brasil foi a do vereador de Porto Alegre PRESO por suspeita de “rachadinha” (qualquer semelhança com um Bolsonaro do Rio de Janeiro é mera coincidência), assim chamada a “restituição” de parte dos salários de assessores contratados ao próprio vereador. Obviamente não há nada de NOVO no fato. Algo semelhante – funcionários fazendo empréstimos para entregar ao vereador para o qual trabalham – aconteceu em muitos, muitos municípios brasileiros. A diferença é que em Porto Alegre, o vereador foi PRESO. Aliás, alguém tem notícias sobre outros fatos semelhantes pelo Brasil? A quantas andam?

Enquanto isso…

Enquanto os vereadores viram notícia, o Congresso Nacional faz a sua parte com o FUNDO PARTIDÁRIO (Fundo Especial de Assistência Financeira aos Partidos Políticos, criado na década de 1990) e FUNDO ELEITORAL (Fundo Especial de Financiamento de Campanha, inventado este ano). Ambos nada mais são do que a transferência para a população do ônus das necessidades eleitoreiras dos que se julgam “representantes do povo”. Resta saber até quando esse povo aguentará esse custo.

Últimas

Primeira: Como estão tratando os vazamentos da Lava Jato pela The Intercept Brasil é, no mínimo estranho. A “ilegalidade” da obtenção das informações é mais importante do que o “conteúdo” delas?

Segunda: Afinal, se alguém é filmado, fotografado ou gravado “ilegalmente”, matando uma pessoa o que é considerado: o crime ou a “ilegalidade” da gravação?

Terceira: Será que estou enganado ou está sendo criado no Brasil o “crime por pensar em crime”? Se sim, Rodrigo Janot pegará uns 25 anos de cadeia por pensar e FALAR o que pensou;

Quarta: Os “sem noção” (antipetistas) que pululam na internet e redes sociais já queriam ver Gilmar Mendes morto há tempos. Agora os outros “sem noção” (petistas) querem a mesma coisa;

Quinta: Acontece que, agora, incrivelmente, Gilmar Mendes determinou a suspensão das investigações no caso Flávio Bolsonaro/Queiroz. Das “rachadinhas”, lembram? Pau que bate em Francisco tem que bater também em Chico, não?

Sexta: Sinal do 4G na prisão de segurança máxima de Charqueadas chega a 90MB. Em Bento, com reza braba, se consegue uns 4 ou 5 MB;

Sétima: E o Esportivo tem data festiva do seu centenário nesta quarta-feira, dia 9. Às 16 h ocorrerá a entrega das melhorias no Estádio, juntamente com a inauguração da UBS no bairro São João;

Oitava: À noite, no Centro Empresarial, CIC/BG, teremos o “JANTAR DO CENTENÁRIO”. É o nosso Esportivo comemorando cem anos e se preparando para o campeonato da primeira divisão de 2020;

Nona: Bah! Mesmo levando um banho de bola no primeiro tempo, o Grêmio conseguiu se superar no segundo e levou o empate contra o Flamengo. Dia 23 tem mais.