Projeto em tramitação na Câmara visa a instalação de cestos coletores de lixo em bueiros de Bento Gonçalves
Em contraponto com a alcunha de “Cidade mais limpa do Brasil” com população acima de 100 mil habitantes deferida pela PWC Brasil, recentemente a Prefeitura de Bento Gonçalves recolheu mais de 40 toneladas de lixo de bocas de lobo da cidade. O fato, além de alertar para a falta de conscientização dos bento-gonçalvenses que seguem descartando lixo fora das lixeiras, tem causado transtornos como a ruptura de encanamentos e até alagamentos. Foi pensando em prevenir situações como essas, que foi elaborada a PLO 163/2018, em tramitação na Câmara, que visa instalar na cidade cestos coletores de rejeitos pluviais, os chamados “bueiros inteligentes”.
Para o autor do projeto, o vereador Moacir Camerini (PDT), trata-se de uma medida simples e inteligente, já adotada com sucesso em outros municípios do Brasil. “Se trata de uma caixa coletora que é instalada nas bocas de lobo. Ela armazena todo lixo que é levado com as enxurradas, impedindo o entupimento das canalizações. Além dos gradis, esses bueiros também contam com um sistema eletrônico de monitoramento que avisa quando precisa ser feita a limpeza”, explica.
Motivações para o projeto
Ainda em 2018, durante os períodos de chuva de março, o Semanário acompanhou casos de alagamento e acúmulo sobre pistas em bairros como Licorsul e Imigrante, lugares onde problemas assim são recorrentes. Alguns pontos de rompimento de canalizações também são conhecidos, como aponta Camerini. “Tem canalização que num ano foi consertada dez vezes no mesmo local. Há lugares como ali na descida da Alfredo Aveline, por exemplo, que a tubulação estoura com frequência. O lixo desce junto com a enxurrada, entope os canos, e eles não aguentam e acabam explodindo”, comenta.
Ao passo que a canalização de Bento Gonçalves passa, pouco a pouco, por troca de tubulações em pontos estratégicos, os bueiros inteligentes também dariam uma sobrevida as antigas e deficitárias canalizações de toda a cidade. “A gente está tentando pensar em um projeto como esse para que a tubulação consiga levar mais algum tempo. Imagina pegar lugares como a zona central, por exemplo, e abrir tudo, além de mão de obra e gastos enormes, o transtorno que isso ia ser”, comenta Camerini.
Para o vereador, com a instalação dos novos bueiros, por meio da frequência com que os cestos se enchem, também seria possível detectar os bairros onde a população está descartando resíduos de forma inadequada. “Muita coisa vai embora sem se ver, mas se o lixo parar nos gradis, vamos poder detectar em que lugares têm mais problemas, e aí podemos trabalhar mais campanhas direcionadas para a conscientização das pessoas nesses entornos”, projeta.
O projeto, lido na câmara na segunda-feira, 12, vai passar por comissões, antes de voltar para votação em plenário. A partir daí, se aprovado, o primeiro passo deve ser mapear os pontos mais urgentes e calcular os custos. “A Secretaria de Viação e Obras Públicas terá que projetar quantos pontos seriam atendidos inicialmente, além de definir com equipe técnica a dimensão dos cestos. Então não tenho como supor de quanto teria que ser o investimento, mas em um prazo de médio prazo ele se pagaria, já que haveria menos trocas de cano e custos com mão de obra”, finaliza Camerini.