Milhares de produtores trabalham diariamente, levando alimentos para a população e sustento para suas famílias

Nesta quinta-feira, 25 de maio, comemora-se o Dia do Trabalhador Rural, homenageando todas as pessoas que dedicam seu tempo trabalhando nas zonas rurais, campos e fazendas. Na Serra Gaúcha, milhares de agricultores atuam no segmento, em prol de trazer alimentos de qualidade para a população e de sustentar suas famílias.

Um destes trabalhadores é Gilmar Cantelli, que cultiva alface, radicci, rúcula, berinjela, figo, pêssego, entre outros alimentos orgânicos, em sua propriedade localizada na Linha Palmeiro. A história dele com o trabalho no campo iniciou desde a sua infância, porém, com o passar dos anos, optou por atuar em outros segmentos e retornou definitivamente para a agricultura em 1996.

Ele afirma que apesar de ser bastante exaustivo, atuar na profissão é recompensador. “A luta diária do agricultor no campo é sofrida no aspecto físico, pois exige muito. É calor, frio, sujeira. Na agricultura você tem o trabalho árduo no sentido físico,
mas no sentido psicológico é muito mais tranquilo. Você faz o seu dia, você faz o seu horário de trabalho, a tua agenda, você tem os seus compromissos, pode agendar quando você quer. Então, nesse sentido o trabalho na roça é muito bom e gratificante também
e creio que nós estamos, de modo geral, sendo muito bem valorizado na agricultura assim”, esclarece.

O produtor diz que se sente realizado em atuar neste segmento. “A gente planta, colhe e vende direto ao consumidor uma vez por semana, quando se faz a feira ecológica, onde temos uma clientela praticamente fixa. Neste ano, no mês de agosto, vamos completar 25 anos de feira ecológica. É uma data muito marcante, pois nesse meio muitos entraram, saíram e
alguns saem por questão de idade, pois ela começa a pesar e você não consegue dar conta do recado. Mas é muito gratificante fazer feira, conversar com o cliente, ouvir as ponderações dele quanto aos produtos, nós também podemos expor o porquê do produto ser X ou Y, ter esse problema ou ter essa esse benefício. Então, é muito bom essa lida direto com consumidor final”, pontua.

Interior que abraça

Carlos Alberto da Silva é outro trabalhador rural e atua há mais de 10 anos neste segmento. É no Vale dos Vinhedos que ele possui uma granja de galinhas poedeiras, estufa de plantação de tomates, além de animais, como ovelhas, gado e porcos. Ele iniciou no ramo quando criança, porém, durante o decorrer de sua trajetória migrou para outra profissão, mas com o desejo de retornar para o interior, de onde sentia muita saudade. “Hoje estou no modo caipira, sempre com o intuito de levar esta boa alimentação aos colégios e creches. Então, foi onde entrei em contato com os agricultores familiares de Bento Gonçalves, me receberam muito bem, e hoje constituímos uma cooperativa para melhor atender o município e região. Estou feliz de poder contribuir com este grupo maravilhoso que é nossa segunda família e esperamos, com este modelo de cooperativismo, atender melhor o município e região com nossos produtos saudáveis, que são produzidos com muito carinho”, revela.

Carlos Alberto da Silva atua há mais de 10 anos na profissão
Roberto Parizotto é agricultor na Linha Veríssimo de Matos

Segundo ele, a agricultura precisa de cada vez mais incentivos. “Principalmente para os jovens, em todos os sentidos, desde cursos, custos de locomoção entre outros, pois, se continuar assim, vai terminando os mais velhos e os jovens vendem as terras para grandes empresas fazerem reflorestamento e migram para a cidade onde, em pouco tempo, estão arrependidos pagando aluguel e sentindo falta do cantinho que lhes matava a fome. Esta é a realidade”, enfatiza.

Roberto Parizotto atua em sua propriedade localizada na Linha Veríssimo de Matos, distrito de Tuiuty. Ele afirma que já teve experiências de trabalho na cidade, mas não conseguiu se adaptar e retornou para a agricultura. Ele conta com a ajuda do filho, Wesley, para o auxiliar na propriedade. “Produzimos uva, pêssegos e estamos inovando em pomares novos. Além de cultivar a roça, temos uma agroindústria de congelados, onde a gente faz massas, capelettis, rissoles, tortéis, entre outros, que são vendidos no sábado, na feira livre, ou direto para o consumidor”, comenta.

O agricultor enfatiza que antigamente tudo era mais difícil. “Era tudo muito braçal. Hoje em dia é tudo mecanizado, menos difícil. Também vejo que o futuro da nossa agricultura é o mais certo que tem. Aqui tu planta, tu colhe”, considera.

Ele diz que o poder público deveria olhar mais para esses profissionais que trabalham muito para prover a população. “Claro, não desmerecendo ninguém da cidade. Mas, o que vejo é que se o agricultor é valorizado, o custo de vida na cidade também reduz. Se temos valor aqui, se temos condições de trabalho, estrada boa para deslocamento, com certeza as coisas melhoram em todos os aspectos”, conclui.