Em uma semana, o índice de positivados para o coronavírus caiu 52,7% e quatro óbitos foram registrados, em Bento Gonçalves

Na segunda-feira, 24, dez novos casos de Covid-19 e nenhum óbito foram registrados em Bento Gonçalves. No dia seguinte, 17 novos registros, também sem mortes. Embora a quantidade tenha crescido ligeiramente de um dia para outro, um olhar mais panorâmico, desde a eclosão do surto até agora, autoriza uma indagação: está havendo um achatamento da curva da pandemia?

O número de casos confirmados de Covid-19 em Bento atingiu o pico na primeira semana de agosto. Desde então, vendo sendo registrada uma linha decrescente. O número de novos positivados caiu 52,7%; no mesmo período, foram registrados quatro óbitos (veja tabela abaixo). Também a nível estadual, o número de casos novos mostra uma tendência à queda nas duas últimas semanas. Os óbitos, que vinham em preocupante ascensão, parecem também estar desacelerando lentamente.

Taxa de ocupação de leitos na cidade é de 66%. Foto: Divulgação, Tacchini

O médico e presidente da Associação Médica de Bento Gonçalves (AMEB), Fernando Cenci Tormen, acredita que o clima mais ameno daqui para diante reduza ainda mais a proliferação da doença. “Mesmo tendo queda do número de casos novos, uma vez que os pacientes graves demoram muito a se recuperar, essa redução não se reflete imediatamente nas taxas de ocupação hospitalar (especialmente UTI’s), outro parâmetro muito importante quando avaliamos a situação como um todo”, pontua.

Mesmo diante do possível achatamento da curva no município, Tormen é enfático ao afirmar que a população não deve relaxar no cumprimento dos protocolos de saúde. “Todos os lugares do mundo que relaxaram às medidas sofreram nova ascensão do número de casos. Relaxar somente depois de estarmos imunizados, e, ainda assim, temos que ter em mente que algumas rotinas serão incorporadas de maneira definitiva em nossas vidas. É muito importante que continuemos os cuidados, especialmente com a população mais vulnerável, que são os idosos e pessoas com doenças crônicas”, alerta.

Mesmo tendo queda do número, essa redução não se reflete imediatamente nas taxas de ocupação hospitalar, outro parâmetro muito importante quando avaliamos a situação como um todo. Fernando Tormen, presidente da AMEB

A Capital do Vinho contabiliza, até a última atualização do boletim epidemiológico de terça-feira, 25, 2.880 casos de infecção pelo coronavírus. Destes, 2.524 estão clinicamente curados e a soma no número de óbitos chega a 99. Questionado se o pico da curva de contágio indica que um número máximo de pacientes já teve contato com o vírus, Tormen alega que à medida que as pessoas são contaminadas e desenvolvem anticorpos contra a Covid-19, fica mais difícil para o vírus se propagar entre as sadias. “É por isso que em populações com altos índices de vacinação para uma doença, pessoas não vacinadas também tem menos chance de pegar aquela doença”, pondera.

Fernando Tormen ressalta que manter todas as medidas já sabidamente protetivas e amplamente divulgadas pelo poder público são essenciais para, de fato, achatarmos a curva epidêmica. “Lembro mais uma vez da atenção com a população mais vulnerável, que tem um risco maior das formas graves da doença e concentra a quase totalidade de óbitos. Ouvimos frequentemente em consultório idosos queixando-se de que os familiares mais jovens não respeitam as medidas de isolamento dentro de casa, seja no dia a dia ou durante visitas. Sabemos que a maior parte da transmissão acontece dentro de casa, então precisamos ter atenção”, orienta.

Medidas de isolamento social diminuem a velocidade de disseminação do vírus. Imagem ilustrativa

Ocupação de leitos

Neste momento, em que a Covid-19 avança dia após dia, o achatamento da curva faz com que seja necessário reduzir o ritmo de transmissão de vírus e, dessa maneira, permitir o número de casos precisos da UTI não supere a quantidade de leitos disponíveis. A taxa de ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em Bento Gonçalves até às 15h do dia 25, é de 66%. O índice voltou a cair após ascensão, quando chegou a 86%, no último sábado, 22. Os dados são da Secretaria Estadual da Saúde (SES).

A situação mostra que dos 50 leitos disponibilizados no Hospital Tacchini, 33 estão com pacientes internados. Destes, nove são infectados pela Covid-19, seis são considerados suspeitos ou com Síndrome Respiratória Aguda Grave e a maioria, 18, são pessoas com outras comorbidades.

Segundo os dados, dos 23 leitos de UTI disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), 17 estão ocupados, o que representa 73,9% de lotação. Já as unidades disponíveis para planos particulares, dos 27 espaços, 16 já estão comprometidos, o que representa 59,3% de lotação.