Em “O Agente 86”, Maxwell Smart me arrancou muita risada com suas engenhocas e engenhosas trapalhadas, sempre corrigidas pela parceira, a agente 99.  A série televisiva, uma sátira aos filmes de espionagem de James Bond (que “bombavam” na década de sessenta), foi protagonizada por Don Adams, cujo personagem investigava agentes da KAOS, seus arqui-inimigos que queriam dominar o mundo. Nada muito diferente de hoje, a não ser o aspecto da comicidade.

O filme reforça a tese de que tudo o que é pensado pode ser realizado, ou como diz Napoleon Hill, “tudo o que a mente humana pode conceber, ela pode conquistar”. A prova disso é o sapato-fone de Max (Maxwell), que foi precursor do smartphone.

De lá para cá, equipamentos de espionagem ganharam incrível sofisticação tecnológica. E tudo indica não haver limites para a ousadia humana. Não duvido de que até a parede invisível da casa do Agente 86 seja inventada.

Esse preâmbulo é para justificar uma (re)ação minha aparentemente injustificável, ocorrida naquela inesquecível viagem de que falei no sábado passado…

Então passeávamos pela Avenida de Champs-Elysees, em Paris, quando vislumbramos uma exposição da Peugeout. Os aficionados por carros não tiveram dúvida e já foram entrando.  Eu, distraída como sempre, seguia atrás, sem reparar no protocolo de segurança, que incluía uma vistoria nas bolsas das mulheres.  De repente, fui barrada por um “armário” de dois metros falando em francês, obviamente. Diante de meus parcos conhecimentos da língua, alguém me gritou lá do fundo da loja:

-Deni, abre a bolsa!

O ruído era intenso. E a tensão era grande. E meu ouvido já não ajudava. Tudo contribuía para um Grand Finale, digno de Nelson Rodrigues.

Naquele momento, processei todos os meus devaneios tecnológicos cujas raízes foram plantadas pelo Get Smart – Agente 86 – que abraçava a ideia de dispositivos ocultos nos dentes, coisa e tal. E me percebi suspeita. O cara devia estar imaginando que uma terrorista disfarçada em senhora fofinha, arquitetava um plano para explodir o salão, ou quem sabe, roubar uma fórmula secreta… Vai saber o que se passa na cabeça das pessoas numa hora dessas, especialmente depois do atentado à sede do jornal Charlie Hebdo (embora ainda não tivesse acontecido…).

Todo esse raciocínio demorou apenas alguns segundos, e eu então abri. A bolsa? Nãããão! A boca!

Até hoje rememoro a risada francesa mais cristalina provocada por mim. É pouco?!