Campanha realizada durante o mês dez do ano, busca disseminar informações sobre a doença e as principais formas de prevenção

Outubro Rosa é um movimento internacional voltado para a conscientização sobre o câncer de mama, criado na década de 1990. Celebrada anualmente, a campanha tem como objetivo disseminar informações sobre a doença e favorecer o acesso aos serviços de diagnóstico e de tratamento, contribuindo para a redução da mortalidade.

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de mama é o tipo que mais acomete mulheres em todo mundo. No ano de 2020, foram cerca de 2,3 milhões de casos, representando 24,5% de todos os tipos de neoplasias diagnosticadas nas mulheres. Somente no Brasil, são estimados mais de 70 mil novos casos de câncer de mama em 2023.

Os principais sinais e sintomas suspeitos de câncer de mama são caroço (nódulo), geralmente endurecido, fixo e indolor; pele da mama avermelhada ou parecida com casca de laranja; alterações no bico do peito (mamilo) e saída espontânea de líquido de um dos mamilos. Também podem aparecer pequenos nódulos no pescoço ou na região das axilas. É o tipo de câncer mais frequente na mulher brasileira, quando ocorre um desenvolvimento anormal das células da mama, que se multiplicam repetidamente até formarem um tumor maligno.

Batalha e prevenção

Luciane Marta Rockenbach, de 43 anos, está na reta final de seu tratamento. “Descobri um nódulo em fevereiro de 2022, brincando com meu filho, que na época tinha cinco anos. Levei uma batida na mama que doeu muito, e resolvi procurar atendimento médico”, relata.

A partir daí, Luciane começou uma bateria de exames e consultas com especialistas, até chegar no diagnóstico definitivo de câncer de mama, já no final do mesmo ano. “Receber a notícia foi algo muito pesado, talvez o pior dia da minha vida, ainda mais porque estava sozinha naquele momento. Senti como se estivesse em um buraco muito fundo e sem chances de sair”, relembra. As últimas quimioterapias serão feitas ainda esse mês e o próximo passo é a preparação para a cirurgia de retirada e reconstrução das mamas. O tratamento finaliza com sessões de radioterapia. Dentre os exames que Luciane fez, estava o que detecta uma mutação genética hereditária relacionada ao câncer de mama, que deu positivo. Com essa informação, seus filhos deverão monitorar a saúde frequentemente, como forma de prevenção. “Para mim, a lição que fica é que o dinheiro é necessário, mas não o mais importante. Trabalhava de segunda a segunda, perdi muitos momentos especiais em família, e não acho que valeu a pena. Agora, busco aproveitar ao máximo a companhia das pessoas importantes para mim e cuidar da minha saúde”, reflete. Luciane pensa que a prevenção é a melhor alternativa. “Procurar atendimento médico se houver qualquer sintoma, fazer o exame de toque em casa, ficar de olho em alterações pelo corpo e não desmerecer nenhum tipo de sinal que você ache diferente”, alerta.

Em tratamento para a doença desde 2007, Maria de Lourdes Ruggini, de 58 anos, também passou por algo semelhante. “Comecei a sentir algumas dores e mal-estar, mas de início os médicos acharam que eram pedras nos rins. Depois de oito meses com dor, fiz mais exames, que detectaram o câncer”, comenta. Ela também fez diversas sessões de quimioterapia e radioterapia, além de cirurgias. “O tratamento me causa alguns efeitos colaterais desagradáveis, mas me apego a minha fé, tento ocupar a cabeça e seguir em frente da melhor forma possível”, declara a paciente. Mesmo diante de todas as dificuldades e, por muitas vezes, um certo desânimo, Maria reúne suas forças e consegue ajudar outras pessoas. “Não tenho vergonha da minha doença, conversar sobre isso faz com que me sinta melhor. Me sinto em paz, tenho apoio da minha família. Sou uma pessoa muito humana, o que estiver ao meu alcance, vou tentar fazer. Quero melhorar logo e voltar a sair e dançar música gaúcha, que eu e meu marido tanto gostamos”, acrescenta.

A Liga de Combate ao Câncer atua há mais de 45 anos como referência no amparo a pessoas acometidas pela doença e seus familiares – centralizando seus atendimentos no Centro Assistencial Andressa Zietolie. A entidade procura manter uma agenda ativa de visitas hospitalares e domiciliares, ajudar com passagens, gasolina e acessórios e auxiliar na compra de suplementos alimentares e cestas básicas. Outra frente importante é o zelo pelo contexto familiar. Doação de roupas, brinquedos, fraldas e soutiens especiais, oferta de artesanato e terapia ocupacional na sede da entidade e todo o auxílio psicológico e estrutural necessário para a família envolvida são atividades vistas com muito carinho pelo grupo de voluntárias. Também são diversas as iniciativas encampadas para conscientização da comunidade acerca da importância da prevenção e do diagnóstico precoce de todos os tipos de câncer.

Ambas as mulheres buscaram apoio na entidade, que as auxiliou em todas as questões necessárias, desde aspectos burocráticos, até o acolhimento humano e apoio emocional. “A campanha do Outubro Rosa é muito bonita e importante, pois serve para alertar toda a comunidade sobre a importância de estarmos atentos à nossa própria saúde, sempre fazermos os exames de toque e de rotina, a fim de prevenir a doença ou evitar que ela evolua”, acrescentam.

Saúde em primeiro lugar

Em Bento Gonçalves, a Secretaria de Saúde está realizando inúmeras ações voltadas para a conscientização e orientação sobre a prevenção ao câncer de mama. Serão diversas atividades relacionadas ao Outubro Rosa, nas casas de saúde da cidade. Além disso, dentre os mecanismos previstos para serem postos em prática ao longo do mês, estão as camisetas temáticas da campanha, disponibilizadas na sede da Liga de Combate ao Câncer, que podem ser adquiridas de forma individual ou coletiva.