Há países no mundo em que a tolerância é zero, mesmo. O ex-prefeito Rudolf Giuliani, de Nova Iorque, na década de 90, vendo que a criminalidade recrudescia e sua cidade era considerada “a mais perigosa dos Estados Unidos”, decidiu agir. Giuliani, em entrevista concedida à imprensa quando convidado para palestrar em Belo horizonte, comentou sobre como conseguiu a redução drástica da criminalidade, tornando NY um cidade segura. Disse ele: “É um sistema inteiro integrado que reduz a criminalidade, não somente uma atitude. O crime e as circunstâncias são diferentes nas diferentes cidades.” Continuou dizendo que “Os problemas são diferentes, mas as maneiras de se aproximar das soluções são parecidas. Antes de resolver o problema, é preciso entendê-lo. Temos um programa de computador que projeta as estatísticas de crime de maneira criteriosa, especialmente os homicídios. Com isso, é possível saber onde o crime está acontecendo e prever onde ele pode vir a acontecer. De todas as medidas tomadas para combater o crime em Nova Iorque, a implantação desse sistema de informática foi a mais importante.” Como se pode ver, Giuliani estudou, analisou o problema e só depois partiu para as soluções. E não foi aumentando o número de vagas em prisões que resolveu o problema. Disse ele: “O aprisionamento não resolve o crime. Exceto nos casos de criminosos muito perigosos. Devemos trabalhar com os presos para reintegrá-los à sociedade. Se pudermos evitar mandá-los para a prisão, melhor ainda. Um problema em Nova Iorque era o crime de pichação. Tínhamos isso nos prédios, nos trens, nos ônibus. Começamos a pegar quem fazia isso e a sentença era de que eles deveriam limpar tudo que picharam. Se eles voltassem a fazer isso, aí eram presos. Acredito que as pessoas podem mudar.” No Brasil o problema é que nossas leis, alicerçadas numa Constituição fajuta, feita sob peso e medida por e, quiçá, para um parlamento que vinha de um período de ditadura militar, com leis de exceção (o Congresso havia sido fechado duas vezes), e que resolveu inventar centenas de “direitos” e raras obrigações. Em Nova Iorque a polícia prende um delinquente por 24 horas, tempo necessário para “elaborar o processo” e enviá-lo ao magistrado que julgará o delito. Mas, há casos em que o policial “esquece” de fazer isso por muitos dias. Obviamente, Giuliani teve que contratar muitos policiais e pagá-los bem. Mas, de que adiantam policiais e as justiças se têm leis permissivas, cheias de firulas que impedem que as penalidades sejam aplicadas com presteza, com brevidade? Ou acabamos com essa Constituição ou essa Constituição acabará conosco, fechando-nos dentro de casa, apavorados com a criminalidade. Esta semana a bandidagem fez arrastão em hospital no Rio de Janeiro. O que irá acontecer? Nada, além da repetição desse crime no Brasil inteiro. Quando mudará a Constituição? Nunca, se o povo não tomar atitudes.