A quase totalidade dos imigrantes italianos vindos para o Brasil era analfabeta, porque o governo da península italiana, por falta de recursos econômicos, e também por desleixo, pouco se preocupava com a instrução. Valia o princípio dos latinos: “Primum vivere, post philosophari” (primeiro procurar viver, depois se for possível, ser instruído).

                Porém, esses italianos, ainda na Pátria mãe, sentiam como era incômodo não saber escrever e fazer cálculos… Chegando ao Brasil e tendo-se instalado precariamente, sem esperar a ajuda das autoridades públicas, começaram a se direcionar ao lado da capela (oratório) levantaram a escola. Alguns dentre eles, mais letrados, eram indicados, como professores. Nos primeiros e difíceis anos, existia a preocupação de que todos os meninos fossem alfabetizados; as filhas, se não fosse possível, poderiam crescer analfabetas, pois, quando viessem a casar, o marido supriria essa carência! Uns anos depois, todos estudavam. Se os imigrantes tivessem esperado pela iniciativa do governo, todos os seus numerosos descendentes teriam crescido analfabetos.

                Desses humildes e iletrados imigrantes, surgiram governadores, senadores, prefeitos, deputados, vereadores, médicos, advogados, professores, bispos, sacerdotes e religiosos, graças ao ensino inicial que receberam nessas pequenas escolas comunitárias, erguidas à sombra das capelinhas.

                Os imigrantes sofreram, também, por falta de ajuda na agricultura. Eles foram deixados no meio da selva, com algumas sementes, ferramentas de trabalho e alimentos para curto tempo. Na Itália não havia matas, capoeiras e selva; Ao semear o trigo, o arroz, a aveia, etc, logo baixavam os pássaros e devoravam parte das sementes; quando a tenra plantinha brotava, era arrancada pelas saracuras e pelas nuvens pretas de chupins. Em sociedade com as lagartas, os veados devoravam as folhas de milho, trigo, batata-doce, feijão, fava e ervilhas. Quando a espiga começava a se formar, e até o dia da colheita, apareciam bandos de vorazes papagaios, tiribas (periquitos) e gralhas que unidos aos ratos, porcos-do-mato, ouriços, micos ruivos e bugios, produziam enormes estragos. Os espantalhos e palhaços pouco ajudavam.

                Havia necessidade de muita atenção, bons cachorros, espingardas em mãos de excelentes caçadores, arapucas sempre armadas. As formigas eram exterminadas com panelonas de água fervente. A colheita abundante era o preço da eterna vigilância.

                As pragas dos ratos era uma dificuldade, principalmente com a abundância de cereais, quando as taquaras-lixas floresciam, que é de 30 em 30 anos, elas produziam muitíssimas sementes; com elas, os ratos se multiplicavam espantosamente. Ao findarem as sementes, os esfomeados roedores fugiam do mato e invadiam os depósitos de milho, trigo e arroz, causando enormes prejuízos.