Em 1857 chegava ao Estado do ESPÍRITO SANTO o primeiro italiano, o aventureiro Pietro Tabacchi, natural de Trento. Começou a criar gado na região de Santa Cruz e saiu-se muito bem. Neste sucesso, depois de anos, em 1874, voltou para a terra natal, para arrebanhar colonizadores. Ele era um idealista, um sonhador. Conseguiu 56 famílias. Assentou-os num lugar ao qual, em homenagem à terra de origem, deu o nome de Nova Trento. Mas Tabacchi era um utopista. Como fazendeiro, foi um vitorioso, mas como colonizador, não passou de um fracassado. Os trentinos que trouxe, vencidos pelas doenças, pela fome, pelas epidemias, pela febre amarela, pelo calor, pela falta de assistência religiosa e médica, longe de tudo, acabaram revoltando-se contra ele. Tinham saído do inferno italiano para cair noutro pior. Em face dessa terrível situação, começaram a fugir para a Colônia Santa Leopoldina e outros pontos.

Em outras tentativas aconteceu pior do que aconteceu em São Paulo. Os fazendeiros desesperados necessitavam conseguir braços para substituir os escravos na cafeicultura e no cultivo da cana-de-açúcar. Para obter tais obreiros, todos os meios para eles eram lícitos. Por isso, enganavam os imigrantes. O logro começava no Rio de Janeiro. Os imigrantes não conheciam as localidades para onde pretendiam ir. Os interessados, com facilidade, os iludiam, enviando-os para outros destinos. Neste caso, para o Espírito Santo.

Em 1877, perto de mil imigrantes encaminhados para o Estado de Santa Catarina foram parar no Espírito Santo. A verdade é preciso dizer, que nem todos os que seguiram para Espírito Santo foram por engano, mas uma grande parte.

As localidades principais para onde eram encaminhados os imigrantes eram: Santa Cruz, Santa Leopoldina, Rio Novo, Santa Teresa, Castelo, São Mateus, Benevente e outras, mas sempre maltratados. Para os fazendeiros, os colonos não passavam de um instrumento de trabalho. Por isso não davam aos súditos condições humanas de sobrevivência: eram mal remunerados, explorados, sofriam por causa do calor, mosquitos, das epidemias, da insalubridade, da febre amarela, da falta de assistência religiosa e também sanitária. De todos os imigrantes italianos que vieram para o Brasil, aqueles que mais sofreram foram os que se alojaram no Espírito Santo. Diante dessas trágicas situações desumanas, originaram-se constantes revoltas e fuga para Minas Gerais e outros estados. Muitos italianos recém- chegados foram alojados nas senzalas dos escravos ou em habitações coletivas. Eles deviam se abastecer de viveres nos armazéns dos fazendeiros a preços abusivos, com a finalidade de obriga-los a permanecer naquela propriedade.