Quem tem filhos sabe como é agradável contemplar a serenidade que eles transmitem quando estão confortavelmente dormindo – a cena é cativante. A qualidade do sono está diretamente ligada à saúde da criança – motivo pelo qual os pais precisam ficar atentos para sua manutenção. Com esse cuidado, diversas doenças e condições clínicas podem ser reveladas e, então, corretamente diagnosticadas para tratamento.
Uma das situações que exige atenção é o fato de os pequenos dormirem com a boca aberta. Estudos recentes demonstraram que as crianças em idade pré-escolar e nível primário que dormem frequentemente com a boca aberta, e roncam à noite, apresentam menor nível de inteligência (equivalente ao QI) na adolescência quando comparadas com crianças que dormiram com respiração nasal e sem roncar.
As crianças com este tipo de respiração noturna podem apresentar apneias obstrutivas (pausas respiratórias durante o sono, normalmente seguidas por ronco ou susto), agravando as consequências a curto e longo prazo. Déficits de crescimento são observados nessas crianças, ao chegarem na adolescência. Outros distúrbios do sono como terror noturno, pesadelos esonambulismo também devem alertar os pais a procurar atendimento especializado.

A respiração bucal crônica noturna também pode gerar palato ogival, modificando a arcada dentária da criança e, consequentemente, causando distúrbios do sono, de mastigação e formação da face. É importante o diagnóstico precoce e tratamento pois a sutura palatina (céu da boca) se consolida aos 12 anos. Depois é necessária cirurgia ou tratamento ortodônticopara reverter a anormalidade.

As principais causas de respiração bucal na criança são a hipertrofia de adenoides, aumento de amígdalas, hipertrofia de cornetos, desvio de septo e alergias. As principais manifestações clínicas na criança são a boca entreaberta, inclinação da cabeça para a frente, irritabilidade diurna, babar no travesseiro, entre outras. Ao contrário do adulto, que apresenta hipersonolência diurna e cansaço pós noites mal dormidas, a criança apresenta-se agitada, com dificuldades de concentração e aprendizado sendo, muitas vezes, erroneamente diagnosticadas como Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade.

Fonte: Dr. Alexandre Pressi