Audiências públicas?

Decidi participar das “audiências públicas” que tratam do processo de pedagiamento no Rio Grande do Sul, mesmo tendo consciência da inutilidade dessa participação. Na quinta-feira o assunto foi o Bloco 3, que versa sobre a inacreditável pretensão do governo em enfiar um monte de pedágios na região da serra. Pois bem, a reunião durou mais de três horas, sendo que DUAS horas foi só utilizada pelo representante do BNDES (que foi contratado para “estudar e analisar o assunto, para propor o sistema”).

Ou exposição de fatos definidos?

 Depois, o Secretário de Estado usou mais um tempo para “mostrar os termos do contrato de concessão”. Restou um tempo exíguo para que os PREVIAMENTE INSCRITOS pudessem formular perguntas sobre o assunto, tendo DOIS MINUTOS para falar, pois “o tempo era pouco e precisava ser bem aproveitado”. Seria cômico, se não fosse absurdo. Claro que teve vários problemas com a conexão de internet dos interessados em participar da Audiência.

Muito definidos

Vários inscritos não conseguiram, mas os que entraram na reunião virtual – e foram muitos da região do vale do Taquari, Passo Fundo, Marau, Casca, Nova Bassano e outros – o fizeram para externar sua inconformidade com praticamente TUDO o que foi apresentado, notadamente o VALOR DA OUTORGA (preço que o governo quer cobrar dos felizes concessionários para lhes entregar as rodovias), locais de instalação das cancelas de pedágios, VALOR DAS TARIFAS, etc.

O que virá?

Mas, como é óbvio de ocorrer numa audiência dessas, FOI DECIDIDO QUE NADA ESTAVA DECIDIDO, pelo menos no tocante ao fato de que, aparentemente, como inúmeras vezes em casos semelhantes, OS PEDÁGIOS SERÃO ENFIADOS PARA QUE NÓS, POVO, OS PAGUEMOS. Ninguém tem dúvidas sobre muitas coisas, a começar pelo estado precaríssimo das rodovias, motivado pelo descaso de sucessivos governos, adeptos ao PEDAGIAMENTO como solução, ficando claro que o sucateamento das rodovias estava inserido nesse contexto. O que virá? Sei…preparemos nossos bolsos!

Mas, questionaram?

Claro que meu objetivo ao acompanhar a Audiência era ver SE ALGUÉM IRIA QUESTIONAR O VALOR QUE É ARRECADADO, já há ONZE ANOS, nos QUATORZE PEDÁGIOS COMUNITÁRIOS e ONDE o dinheiro das tarifas que pagamos é ENFIADO, sabendo-se que o valor da administração dos pedágios é de menos de DEZ POR CENTO, sobram NOVENTA POR CENTO que DEVERIAM ser investidos nas rodovias pedagiadas e nas demais. Mas, sem que isso fosse surpresa para mim, NINGUÉM perguntou sobre as atuais receitas de tarifas e muito menos sobre onde elas são colocadas.

E vem chumbo grosso

O Secretario afirmou que “haverá tempo para ouvir a população” e que, “se necessário, os prazos serão ampliados”. Bem, como penso que está tudo definido, eis o que, acredito, que farão. Em primeiro lugar, podem apostar que irão enfiar um pedágio para nos tomar de R$ 5,60 a R$ 6,90 para transitar pela RS-446, de Carlos Barbosa a São Vendelino; não ficarei surpreso se enfiarem um pedágio da BR-470, entre Bento e Carlos Barbosa, em valores até maiores. Considerando-se que já há um pedágio entre São Vendelino e Portão, NÃO FICAREI SURPRESO, TAMBÉM, SE TIVERMOS QUE PAGAR MAIS DE R$ 30,00 PARA IRMOS E VOLTARMOS A PORTO ALEGRE. É esperar (?) para ver.

Apelar para quem?

 Mas, segundo os defensores desses absurdos, e eles são muitos entre os que participam das Audiências, REPRESENTANDO O POVO, teremos “redução de acidentes; de danos nos veículos; ambulâncias, guinchos, etc.” Ora, ora!!! Já não pagamos fortunas em IPVA, ICMS sobre combustíveis e tudo o que é necessário para se ter um veículo? Toda essa fortuna não chega para custear as rodovias e usuários? Para quem não sabe, temos rodovias construídas SEM PEDÁGIOS, como a BR-290, a BR-101, a BR-116, a BR-470, a RS-453, as rodovias que ligam São Paulo a Santos, enfim milhões de quilômetros. E os impostos pagos pelos proprietários de veículos eram MUITO MENORES do que os atuais. Até quando toleraremos esses saques contra nossos bolsos, senhores REPRESENTANTES DO POVO?

Últimas

Primeira: E nosso valorosos deputados e senadores se concederam CINCO BILHÕES E SETECENTOS MILHÕES DE REAIS, no orçamento federal de 2022, a título de VERBA PARA O FUNDO ELEITORAL;

Segunda: Eles não são muito engraçados? Querem se eleger com o dinheiro de nossos impostos, para ganharem milhões anuais dos nossos impostos como políticos eleitos, recheados de mordomias inimagináveis em qualquer outro país mais ou menos sério do mundo;

Terceira: Como? Se Bolsonaro irá vetar esse mais esse absurdo? Claro que não! Como ele poderá contrariar dessa forma seus aliados majoritários e até mesmo os opositores minoritários? Vivemos no Brasil, meu caro leitor. Então, oremos!

Quarta: Mas, não precisamos nos preocupar com a origem do dinheiro para essa excrescência. A tal de “reforma tributária” proposta pelo governo bolsonaro, que pagaremos, proporcionará recursos suficientes para o Fundo Eleitoral também;

Quinta: Vacinar será exigência para entrar em bares, restaurantes, trens, ônibus e aviões na França e outros países. No Brasil, cheio de “maricas”, o “direito de ir e vir” será preservado porque o presidente já disse que “ninguém é obrigado a se vacinar”;

Sexta: E aqui, no município turístico, a rua Ramiro Barcelos continua com estacionamento livre para DOIS carros e SEIS motos, mesmo com as obras do Hospital do Tacchimed sendo construído. Para que facilitar se dá para complicar, né, Prefeito Diogo?

Sétima: E o Semanário mostrou na edição de quarta-feira, as montanhas de lixo erguidas e deixadas na rua Costa e Sila, onde estão importantes órgãos públicos e empresariais. Mas, não nos desesperemos! Um dia TODOS serão civilizados, cultos e respeitarão seus semelhantes. E os responsáveis farão com que a lei seja cumprida;

Oitava: Oremos para que os deuses do futebol tenham piedade e abençoem a dupla Grenal para que voltem a ser protagonistas, não meros coadjuvantes de competições.